DF é condenado a indenizar servidora que sofreu assédio moral por parte direção da escola

Apesar de ter sido eleita como vice-diretora, suas atribuições e poderes foram tolhidos de forma a reduzir ao máximo o exercício de suas atividades, com o nítido propósito de excluí-la de qualquer procedimento decisório dentro do estabelecimento escolar

Fonte: TJDFT

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Por decisão do juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, o Distrito Federal terá que indenizar em R$ 50 mil, a título de danos morais, uma professora que sofreu assédio moral no seu ambiente de trabalho por parte de alguns colegas de trabalho.


Segundo o processo, a autora ingressou na Justiça, alegando ter sofrido assédio moral por parte da diretora, do chefe de secretaria e do supervisor administrativo do Centro de Ensino Fundamental nº 11 em Ceilândia, no período em que ocupou o cargo de vice-diretora da mesma escola.


Sustenta que, apesar de ter sido eleita como vice-diretora, suas atribuições e poderes foram tolhidos de forma a reduzir ao máximo o exercício de suas atividades, com o nítido propósito de excluí-la de qualquer procedimento decisório dentro do estabelecimento escolar. Assegura, ainda, que a conduta dos agentes públicos, além de causar prejuízos à sua imagem e ao seu nome, ocasionou repercussões de ordem psíquica à autora.


Ao se defender, o Distrito Federal assegurou que a autora não se desincumbiu de comprovar o alegado dano moral, pedindo, a improcedência do pedido.


Ao apreciar a causa, o juiz assegurou que o dever de indenizar, assegurado pela Constituição, independe da ocorrência de dolo ou culpa, pois está circunscrito à responsabilidade objetiva do Estado. O pedido da autora, segundo o juiz, fundamenta-se em suposto assédio moral no ambiente de trabalho. "O assédio moral configura-se por conduta reiterada e insistente com o fim de desestabilizar emocionalmente o assediado, podendo inclusive manifestar-se por atos de omissão com o fim de levar a pessoa ao isolamento", assegurou o magistrado.


Para ele, no caso concreto, a autora, após ter sido eleita vice-diretora do Centro de Ensino Fundamental nº 11, foi vítima de constrangimentos por parte de outros agentes públicos, notadamente a diretora, o chefe de secretaria e o supervisor administrativo.


"Os atos abusivos dos citados agentes, alegados pela autora, foram corroborados pelos depoimentos de outros professores lotados na escola, o que confirmou a situação fática descrita pela autora na peça inicial", diz o magistrado.


Em um dos depoimentos, o depoente assegurou que a perseguição pode ter acontecido em virtude de a autora ter se sobressaído e mostrado muito serviço, situação não aceita pelos demais servidores da secretaria e da direção. Ainda segundo o depoente, a autora "tentou disciplinar os alunos, mas os servidores da secretaria e da direção, inclusive a própria diretora, passaram a desmoralizá-la e boicotá-la quanto à aplicação das regras, tendo presenciado, inclusive, o chefe de secretaria chamando-a de louca, ficando, a diretora omissa nessas manifestações, não havendo qualquer sansão disciplinar por parte dela.


Em outro depoimento, o depoente afirma que certo dia, ao chegar à escola, viu uma pichação no muro, chamando a professora de "cachorrona" e que a direção não providenciou a remoção da pichação até as 10h da manhã. Ao indagar o servidor da direção sobre a não retirada das manchas, este permaneceu sorrindo e não tomou providências. O depoente narrou também que a servidora não tinha acesso a materiais de limpeza, para fazer a retirada das ofensas, ou itens didáticos que se encontravam em depósito, ficando impedida de entrar na ausência do servidor responsável.


Para o magistrado, a indenização é devida, pois ficou constatado que a autora, ao tentar imprimir um modelo administrativo mais rígido, pautado pela disciplina e pela hierarquia, encontrou resistência por parte de um grupo de servidores que passou a cercear sua liberdade dentro da escola, inclusive comprometendo o exercício das funções inerentes à função de vice-diretora. "Apesar de exercer a função de vice-diretora, a autora foi alijada das principais atribuições da referida função, ficando restrita ao exercício de atividades incompatíveis com sua posição hierárquica", diz o juiz.


Quanto ao episódio da pichação, entende o juiz que o supervisor administrativo deveria, de imediato, ter tomado providências para que as pichações fossem devidamente apagadas a fim de evitar mais constrangimentos à autora. "No entanto, percebe-se nos autos apenas a conduta desidiosa e morosa que injustamente prolongou a situação constrangedora imposta à autora. A diretora, a seu turno, manteve-se indiferente em relação aos atos ofensivos perpetrados contra a vice-diretora", concluiu o juiz.


"As condutas perpetradas pela diretora, pelo chefe de secretaria e pelo supervisor administrativo mostraram-se destituídas da observância dos preceitos morais e éticos esperados, em manifesta violação aos princípios que devem reger os atos emanados do Poder Público" e, por isso, a autora deve ser indenizada por danos morais.


Nº do processo: 2009.01.1.127113-2

Palavras-chave: Assédio moral; Indenização; Escola; Direção; Pichação

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2 Comentários

angela maria da silva do amaral funcionaria publica27/02/2012 15:43 Responder

Nossa esta situação é igual a minha,também era vice diretora de uma escola publica,e vinha sofrendo humilhações por parte do diretor,secretárias da escola e orientadora da escola ,que é esposa do diretor, faz uma semana que ele me destituiu da vice direção, e por incrivel que pareça, minhas atitudes são semelhantes as desta vice, a de trabalhar, mostrar eficiência, tbm fui chamada de incompetente e erresponsável por patrte da mulher do diretor.Esta reportagem me deu força para entrar com um pedido de indenizaçção tbm!

Maristela Boni Fitarelli Professora29/02/2012 13:40 Responder

Esta na hora de moralizar as Escolas As Direções de algumas escolas estão assediando moralmente seus colegas. Aconteceu comigo uma história de assédio.Como supervisora da Escola não concordava com algumas atitudes tomada pelo Diretor onde não contribuiam para um ensino qualificado. O Diretor retirou todas as minhas atribuições como supervisora e me isolou deixando sua esposa para que me vigiasse,quando estava conversando com alguma colega ,sempre aparecia alguém para ouvir a conversa.Estou pensando seriamente em buscar reparos pelo que passei durante um ano.

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