Arcebispo excomunga médicos e parentes de menina que fez aborto

O arcebispo de Olinda e Recife excomungou nesta quarta-feira (4) a mãe, os médicos e outros envolvidos no aborto sofrido por uma menina de 9 anos. Segundo a polícia, o padrastro confessou que abusava da garota. Ele seria o pai dos gêmeos que ela esperava.

Fonte: G1

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Garota de 9 anos teria sido violentada pelo padrasto. Médico diz que havia risco de morte caso gravidez continuasse.

O arcebispo de Olinda e Recife excomungou nesta quarta-feira (4) a mãe, os médicos e outros envolvidos no aborto sofrido por uma menina de 9 anos. Segundo a polícia, o padrastro confessou que abusava da garota. Ele seria o pai dos gêmeos que ela esperava.

Ao justificar sua ação, dom José Cardoso Sobrinho disse que, aos olhos da Igreja, o aborto foi um crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.

A menina está em uma maternidade pública do Recife. Assim que foi internada, na terça-feira (3) à noite, começou a receber doses de um medicamento para interromper a gravidez. No fim da manhã desta quarta, o aborto se consumou, segundo direção de hospital. "Se a gravidez continuasse, o dano seria pior. O risco existiria até de morte ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar?, explica o médico Olímpio Moraes.

Mas, para a equipe médica, não foi uma decisão simples. A realização do aborto passou a contar com oposição declarada do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, um integrante da ala conservadora da Igreja. ?A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor?, acredita.

Há duas indicações legais no abortamento previsto em lei, que é o estupro e o risco de vida. Ela está incluída nos dois e, como médico, a gente não pode deixar que uma menina de 9 anos seja submetida a sofrimento e até a pagar com a própria vida?, rebate o médico.

A reação do arcebispo foi imediata. Assim que soube que o aborto havia sido consumado, dom José Cardoso Sobrinho disse que a Igreja Católica considera que houve um crime e um ato inaceitável para a doutrina. E decidiu: todas as pessoas que participaram do aborto, com exceção da criança, estão excomungadas da Igreja.

?Para incorrer nessa penalidade eclesiástica, é preciso maioridade. A Igreja, então, é muito benévola, quer dizer, sobretudo, com os menores. Agora os adultos, quem aprovou, quem realizou esse abordo, incorreu na excomunhão. A Igreja não costuma comunicar isso. Agora, a gente espera que essa pessoa, em momentos de reflexão, não espere a hora da morte para se arrepender?, afirma.

Entidades de defesa da mulher, da criança e do adolescente não concordam com a decisão do arcebispo. ?Há organizações que não levam em consideração a vida dessa menina em um momento como esse e fazem um enorme desserviço em criar uma polêmica em torno de um caso que está garantido por lei e que há uma decisão da responsável pela menor no sentido de encaminhar dessa forma como está sendo encaminhado?, afirma a educadora do SOS Corpo Carla Batista.

O teólogo e ex-professor da PUC de São Paulo João Batistiole comentou a excomunhão dos envolvidos no aborto legal. ?Acho que é uma posição dura, difícil de entender, uma posição institucional. Acho que a igreja perde um pouco da credibilidade perante seus fieis?, avalia.

Palavras-chave: aborto

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6 Comentários

Lia Pacheco de Oliveira Advogada06/03/2009 2:25 Responder

Do fundo do meu coração, não consigo entender como a Igreja Católica possa agir dessa forma, fechando o olhar para a realidade e enxergando os mandamentos bíblicos de maneira tão áspera. A Bíblia fala, sim, "não matarás", mas nesse caso da menina, o "não matarás" tem que ser entendido como não matarás essa menina, essa pobre criança que teve sua infância ceifada pelo crime de estupro que sofrera. Querer cegamente que ela mantenha a gestação, de extremo risco, com grande posibilidade de sua morte, não é cumprir o mandamento de Deus. Além do mais, não há crime cometido pela mãe ou pelos médicos, que agiram dentro do permissivo legal.

Dinarte Bitencourt advogado06/03/2009 11:12 Responder

Realmente, é trágico o que aconteceu com esta pobre menina. Além de ser violentada pelo monstro do padrasto, ainda teve de ser submetida a um aborto. Realmente, pela lei Suprema, a única pessoa que tem o direito de decidir em relação à vida é Deus. No entanto, será que viveriam os gêmeos? Que vida teria a pobre menina? Também: porque é que o arcebispo não excomungou o estuprador que cometeu o erro maior? Porque é que não se excomungam os padres pedófilos que provocam tantas gravidezes indezejadas? Até agora não vi nenhuma notícia sobre isso!!!

Gilberto de Souza Advogado06/03/2009 11:53 Responder

Lamentável a atitude deste Arcebispo, ele que deve ser excomungado por tamanha truculência!!!! Nunca vi ninguém ser excomungado por estrupar, matar, fazer genocídio como na 2ª Guerra Mundial, talvez porqeu a Independência do Vaticano foi reconhecida por um Fascista amigo de Hitler... Quanta incoerência. Não podemos nos esquecer que até bem pouco tempo a Igreja em seu discurso queimava mulheres em praça pública ou amarrava as pessoas em pedras e jogava em rios dizendo que se elas escapassem elas eram adoradoras do diabo e deveriam ser enforcadas... Está na hora desta Santa Madre Igreja que nunca cometeu injustiças colocar a mão na sua consciência e se arrepender dos deserviços que estão fazendo para nossa sociedade e iniciar uma nova época... Uma Igreja que fala tanto em perdão e que não sabe perdoar, nem mesmo em uma situação delicada destas, não pode dizer que são os interpretes das leis de Deus e transmitir o perdão divino porque nem seus maiores clérigos sabem o significado desta palavra, que para nós entendessemos seu verdadeiro significado foi necessário que Cristo sacrificasse sua própria vida... Este Arcebispo deve ser imediatamente revbaixado para o cargo de Coroinha pelo Papa porque agiu de forma extremamente equivocada.

Ricardo Barreto Advogado06/03/2009 14:05 Responder

O Arcebisto excomungou a todos participantes do aborto... e ao Padrasto? Ele foi lembrado também na orações?

Andre Bittencourt Advogado06/03/2009 15:43 Responder

VIVA A REPÚBLICA LAICA E POSITIVISTA !!! SALVE A TRIPARTIÇÃO DEMOCRÁTICA DOS PODERES !!!! Q A RAZÃO JAMAIS SEJA SUPLANTADA PELAS MAZELAS DA TEOCRACIA!!! Q a ICAP, por seu pastoreio, se digne a apresentar alternativas temporais p as sequelas oriundas da barbarie do estupro e incesto. Embora criado em seu seio, não coaduno com tais imposições. Q o Homem seja julgado por DEUS, q , em sua infinita sabedoria e misericórdia, conhece os designios de nossos corações. E q DEUS, não seja interpretado pela leviandade dos HOMENS, q julgam-se conhecedores de seus planos.

Arleu Moreira Advogado09/03/2009 19:17 Responder

Inicialmente quero me solidarizar com o arcebispo, uma vez que ele defende o que entende ser o correto, o justo, o divino, independente das volições humanas. Com certeza se quaisquer dos seus algozes pudessem ouvi-lo mais atentamente, isto é, escutando suas explicações, não o estariam "crucificando". Eu, embora de família cristã, sou ATEU. Entretanto, consigo entender a posição do religioso quando foi contra o aborto. Entende o mesmo s.m.j, que a vida é uma dádiva de Deus. assim sendo, caso Deus a considerasse impossibilitada de gerar uma vida, com certeza a mesma não ficaria grávida, pois Ele não permitiria. Tendo ela engravidado, mais precisamente, estar gerando um vida, óbviamente que era uma obra de Deus, claro para os que acreditam, o que não é o meu caso. Quanto a gestação da mesma, e a punição do culpado, caberiam essas tarefas aos homens, como representantes de Deus na terra. Portanto, como poderia o religioso ser favorável ao aborto, quando entende que foi Deus que nos deu a vida!

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