Ao contrário do Airbus A320 da TAM que há três semanas se acidentou no Aeroporto de Congonhas e matou 199 pessoas, o avião oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode decolar se um dos reversos estiver travado. É o que afirmou nesta quarta-feira à CPI do Apagão Aéreo na Câmara o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica. Por ordem do Grupo de Transporte Especial (GTE), ligado à Aeronáutica, o Aerolula um Airbus modelo A319 só sai do chão com os dois dispositivos de frenagem funcionando. Uma orientação de "segurança extra".

No dia em que não conseguiu pousar no aeroporto paulista e explodiu ao colidir com um prédio vizinho, o avião da TAM voava com um dos reversos travados "pinado", nas palavras do comandante. Dois dias depois do desastre, a TAM informou que o reverso direito do avião foi desativado em condições previstas nos manuais de manutenção da Airbus e aprovado pela Agência Nacional de Aviação (Anac). Segundo a companhia, "o procedimento não configura qualquer obstáculo ao pouso da aeronave".

A recomendação, porém, não se aplica quando se trata do avião presidencial. "Por norma de segurança, não é permitido voar sem o reverso. É uma norma de segurança para transportar o mais alto mandatário na nação, não pode operar sem o reverso", afirmou Juniti Saito em seu depoimento aos parlamentares.

Indignação - A declaração provocou indignação entre os deputados presentes. "Foi a revelação mais grave que houve aqui hoje. A Aeronáutica sabe que voar com o reverso pinado oferece risco", disse a deputada Luciana Genro (PSOL-RS). Para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o caso é pior ainda: "Se o avião do presidente não pode voar com o reverso pinado, o fabricante deve adotar o mesmo procedimento para as outras aeronaves."

Juniti Saito explicou também que parte da manutenção do Aerolula é feita pela TAM. A companhia, por sua vez, já anunciou que não vai mais permitir que seus aviões decolem com um dos reversos travado.