Cinquenta e um dias depois com o gasto de dois milhões de reais

Depois de uma saga inédita contra uma penitenciária de segurança máxima Tatu e Martelo com suástica foram recapturados e estornados para Mossoró. Depois de mais de cinquenta dias e sob o custo total de dois milhões de reais, e o uso de mais de quinhentos agentes, o funcionamento desses estabelecimentos precisa ser revisado e, principalmente, otimizado para oferecer a fiel execução criminal

Fonte: Gisele Leite

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Finalmente, após longo tempo os dois detentos fugitivos que escaparam da penitenciária de segurança máxima de Mossoró foram recapturados em Marabá no Estado de Pará.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública montou a força-tarefa de cerca de quinhentos agentes para encontrá-los. Além dos fugitivos outros quatro homens estavam em Belém e foram presos e se deslocavam em três carros para Marabá.

Os fugitivos integram a facção Comando Vermelho do Acre e viajavam em veículos diferentes sendo conduzidos por comparsas que tinham outro carro provendo uma verdadeira escolta, segundo a investigação da Polícia Federal.

A polícia também apreendeu um fuzil AR-15, dois carregadores de munições cheios e oito celulares com os fugitivos e afirma que planejavam deixar o Pará quando foram capturados. A prisão se efetivou na BR-222 em ação conjunta entre a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, mas imediações de uma ponte rodoferroviária.

Uma grossa erronia é fazê-los voltarem para a unidade prisional de Mossoró que continua em obras para prover maior segurança, apesar de que o atual Ministro de Justiça afirmou que os dois ficarão separados na penitenciária e que já não mais o mesmo sistema desde a data da fuga. Serão instaladas mais dez mil câmeras e também a iluminação foi trocada.

A propósito, restou claro que as obras em andamento constituem um perigo para segurança da penitenciária em Mossoró, ademais não se sabe, ao certo, se houve colaboração interna para a facilitação da fuga.

Os dois detentos estiveram em rebelião em presídio do Acre em 2023. Deibson e Rogério foram então transferidos para a unidade federal de Mossoró em julho do ano passado.

Deibson cumpria pena de oitenta e um anos de prisão. Conhecido como “Tatu”, ele tem o nome ligado a mais de trinta processos e responde por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e roubo por assalto a mão armada.

Rogério foi condenado a  setenta e quatro anos de prisão e responde a mais de cinquenta processos. Conhecido como “Martelo”, ele tem uma suástica tatuada na mão e, é acusado de homicídio qualificado, roubo e violência doméstica

No total foram quatorze pessoas presas em flagrante por suspeita de colaborar com os fugitivos, incluídos os quatro homens que eram a escolta de hoje.

Com o grupo, os policiais apreenderam armas, distintivos falsos, documentos, cartões e celulares. Após as prisões, os dois foragidos passarão pela Polícia Federal e serão transferidos de volta para o presídio de Mossoró (RN).

Conforme Lewandowski, os prisioneiros foram encontrados "num verdadeiro comboio do crime" e, no momento da prisão, foram apreendidos três carros, com diversos celulares e um fuzil. Ele disse ainda que, junto aos três fugitivos, foram presos quatro comparsas que estavam nos demais veículos.

Segundo os dados públicos mais recentes do sistema penitenciário brasileiro, referentes ao ciclo entre janeiro e junho de 2023, atualmente há 489 detentos nesses presídios, o que indica uma ocupação abaixo da metade da capacidade.

Questionado se não seria possível ter prendido os dois detentos antes, Lewandowski afirmou que a operação seguiu os paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciária e disse que todos os esforços foram feitos. "Envidamos todos os esforços possíveis para localizá-los ainda na proximidade de Mossoró. Estivemos bem próximo da captura. É claro que esse monitoramento é um monitoramento intermitente", afirmou o Ministro da Justiça, explicando que os investigadores ouviram testemunhas e fizeram rastreamento de celulares.

Os dois presos estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no qual são submetidos a regras mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala, há um local para os detentos tomarem banho de sol isolados dos demais presos.

Especialistas acreditavam por conta da demora na recaptura que seria "uma agulha no palheiro" quando o fugitivo não é recapturado dentro de uma semana, sendo improvável que se consiga em tempo maior. Portanto, a recaptura contrariou previsões de especialistas.

O principal desafio para as táticas adotadas foi imposto pela natureza local, por contar com matas e cavernas facilitando o esconderijo destes. Ademais, as chuvas que assolaram a região apagaram os rastros dos fugitivos e mesmo a atuação com cães farejadores.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: Fugitivos Mossoró Penitenciária de Segurança Máxima Execução Penal Comando Vermelho

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