Torturador da ditadura militar, coronel Paulo Malhães é assassinado

De acordo com testemunhas, ex-militar foi feito refém e morreu asfixiado por assaltantes em sua residência

Fonte: O Globo

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O coronel da reserva do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25), com marcas de asfixia, em seu sítio, localizado no bairro de Maracupi, na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. No início deste ano, ele prestou depoimentos à Comissão da Verdade do estado, relatando ter participado de uma série de atos de torturas e violações aos direitos humanos durante o regime militar (1964-1985).


Segundo Cristina Batista Malhães, viúva do coronel, três homens invadiram a propriedade da família nesta quinta-feira (24) com a intenção de roubar armas. De acordo com o depoimento de Cristina à polícia, o coronel seria um colecionador de armamentos. O grupo levou todas as armas que ele tinha em casa.


“Eu fiquei amarrada e trancada no quarto, enquanto os bandidos reviravam a casa toda em busca de armas e munição. Não era segredo que ele era colecionador de armas - disse Cristina.


Após realizar perícia no local do homicídio, investigadores da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense afirmaram que, segundo testemunhas, Malhães ficou em poder dos bandidos de 13h às 22h. Sua mulher e o caseiro foram amarrados e trancados em outro cômodo da residência.


De acordo com o delegado responsável pelo caso, Fábio Salvadoretti, não havia marcas de tiros no corpo de Paulo Malhães, apenas sinais de asfixia. “A princípio, ele foi morto por asfixia. O corpo estava deitado no chão do quarto, de bruços, com o rosto prensado a um travesseiro. Ao que tudo indica ele foi morto através da obstrução das vias aéreas”.


Policiais apreenderam na casa um rifle e uma garrucha antigas e colheram impressões digitais, que serão analisadas. Nadine Borges, integrante da Comissão Estadual da Verdade e responsável por tomar o depoimento de Malhães, cobrou uma investigação célere. Segundo ela, este não pode ser tratado como crime comum.


Torturador


Membro do Centro de Informações do Exército durante o regime militar, Paulo Malhães prestou depoimentos para a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e para a Comissão Nacional da verdade no último mês. O coronel contou alguns detalhes do funcionamento da Casa da Morte, um centro clandestino de tortura utilizado pelo regime militar para perseguir, torturar e matar presos políticos que funcionou na cidade de Petrópolis, zona serrana do Rio de Janeiro.


O coronel contou que arcadas dentárias e dedos das mãos dos opositores assassinados eram arrancados para dificultar a identificação dos cadáveres.


Em depoimentos prestados para a Comissão Estadual da Verdade do Rio nos dias 18 de fevereiro e 11 de março, Malhães também contou que os restos mortais do deputado Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, teriam sido enterrados em uma praia e, depois, jogados ao mar.


O coronel, contudo, voltou atrás poucos dias depois. Em novo depoimento prestado no dia 25 de março para a Comissão Nacional da Verdade, Malhães negou ter sido o responsável pela ação e declarou que não sabia se o corpo desenterrado era de Rubens Paiva. “Tinha uma massa morta enterrada, desenterrada. Nem sei se aquela massa era realmente dele“, afirmou.

Palavras-chave: assassinato ditadura

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2 Comentários

Aparecido Antonio Advogado25/04/2014 23:59 Responder

Ué! Se levaram as armas de um \\\"colecionador\\\", por que é que deixaram \\\"um rifle e garruchas antigas\\\"? Isso cheira \\\"queima de arquivo\\\"... Vamos investigar, gente!!!

SELISON M. BRITO Jurista26/04/2014 22:40 Responder

Será que a policia civil dará conta das investigações.... ? Se for um crime patrimonial praticado por criminoso comum, até que sim, porque eles agem no impulso e deixam rastros de fácil investigação. Mas, no entanto, se for uma queima de arquivo feito por profissionais, não chegarão a lugar nenhum. Neste caso deveria ser investigados pela Policia Federal, onde se tem uma estrutura maior e são mais capazes para não deixarem duvidas quanto da sua motivação.

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