STJ admite decadência de revisão de benefícios previdenciários

O prazo para a ação deve ser contado a partir de 28 de junho de 1997, quando o novo prazo entrou em vigor

Fonte: STJ

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A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mudou o entendimento antes aplicado pela Terceira Seção sobre o tema e admitiu a decadência decenal para revisão de benefícios previdenciários anteriores a 1997. O prazo para a ação deve ser contado a partir de 28 de junho de 1997, quando o novo prazo entrou em vigor.


Para o ministro Teori Zavascki, a situação é absolutamente idêntica à da lei de processos administrativos. Antes da Lei 9.784/99, não havia o prazo de cinco anos para a administração rever seus atos, sob pena de decadência. Com a lei, criado o prazo, passou-se a contar a decadência a partir da vigência da norma e não da data do ato, de modo a não haver aplicação retroativa do prazo decadencial.


Revisão a qualquer tempo


Esse é o entendimento da Corte Especial do STJ para a lei de processos administrativos. Quanto à revisão dos benefícios previdenciários, porém, a Terceira Seção havia assentado orientação de que a decadência instituída pela Lei 9.528/97 (resultado de conversão da Medida Provisória 1.523/97) não alcançaria as relações jurídicas estabelecidas antes de sua edição. Os benefícios concedidos antes de 28 de junho de 97, portanto, estariam imunes a qualquer prazo decadencial, podendo ser revisados a qualquer tempo.


No entanto, em 5 de dezembro de 2011, a competência para matérias previdenciárias passou à Primeira Seção do STJ, que interpretou a norma de modo diverso. “O entendimento da Corte Especial (que, ademais, foi adotado também pelos outros órgãos fracionários do STJ) deve ser mantido e, pelos seus próprios fundamentos, adotado na situação agora em exame”, afirmou o relator.


Efeitos retroativos


Segundo seu voto, não se admitiria que o legislador inovasse para atribuir efeitos retroativos a normas quanto a prazos decadenciais, o que significaria impedir a possibilidade de exercício do direito e, na prática, a eliminação do próprio direito.


“Todavia, isso não significa que o legislador esteja impedido de modificar o sistema normativo em relação ao futuro, até porque, conforme de comum sabença, não há direito adquirido à manutenção de regime jurídico”, ponderou o ministro Zavascki.


“Se antes da modificação normativa podia o segurado promover a qualquer tempo o pedido de revisão dos atos concessivos do benefício previdenciário, é certo afirmar que a norma superveniente não poderá incidir sobre o tempo passado, de modo a impedir a revisão; mas também é certo afirmar que a nova disposição legal está apta a incidir sobre o tempo futuro, a contar de sua vigência”, explicou.


Decadência


No caso concreto, o benefício mais recente datava de 1994. A ação, porém, só foi tentada em 2008. O fundamento era ação trabalhista que reconheceu direito a adicional de periculosidade em favor do autor, o que implicava, segundo sua pretensão, mudança no salário de contribuição e novo cálculo do benefício; essa decisão, porém, transitara em julgado em 1986. Em qualquer caso, apontou o ministro, a decadência teria operado.


O acórdão, já publicado, foi objeto de embargos de divergência pelo autor. Caso seja admitida a divergência com a Terceira Seção, o caso será julgado pela Corte Especial do STJ.

 

Palavras-chave: Decadência; Previdência; Benefício; Admissão; Prazo

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1 Comentários

Dr. ALOÍSIO JOSÉ DE OLIVEIRA - adv. Advogado24/04/2012 17:55 Responder

O preceito constitucional estatuído na Carta de 1988, Artigo 5, inciso XXXVI, in verbis: \\\"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.\\\" Portanto a interpretação errônea e absurda do Ministro Zavaski da primeira Turma do STJ, não pode invadir a seara Constitucional. A Norma infraconstitucional não pode alterar uma cláusula pétrea da Constituição. O julgamento sob entendimento diverso do Ministro Zavaski é espúreo e está sujeito à revisão da Corte Especial. Ademais o Ministro erra por abstração. A nova lei de 1997, veio para corrigir efeitos \\\"ex tunc\\\" para quem aposentou após a sua entrada em vigência e não para eliminar efeitos \\\"ex nunc\\\". Com certeza a decisão da Corte Especial, modificará a decisão absurda do Ministro Zavaski. Ainda assim, o Judiciário tem orientação jurisprudencial de que a revisão do benefício deve primeiramente ser provocada no âmbito administrativo e o INSS leva mais de 10 anos em alguns casos para se manifestar e somente após a decisão Administrativa é que o Beneficiário pode recorrer a Justiça de decisões administrativas contrárias ao seu pedido.

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