O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal protocolou nesta terça-feira na Mesa Diretora do Senado representação contra o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que ontem arrancou o gravador de um repórter da Rádio Bandeirantes após irritar-se com uma de suas perguntas. O sindicato pede, na representação, que o Senado aplique medidas disciplinares contra o senador -que vão desde advertência e censura verbal à perda do mandato.

"São as medidas previstas no regimento. Acreditamos que a advertência e a censura, que pode ser oral ou escrita, têm mais relação com o caso. Mas de ofício, desde já, o presidente [do Senado] José Sarney pode advertir o senador", afirmou Lincoln Macário, presidente do sindicato.

Ao classificar o episódio como um "ato claro de censura", Macário disse esperar um pedido de desculpas de Requião ao jornalista Victor Boyadjian, da Rádio Bandeirantes. "Se a instituição quiser dar respostas rápidas, o próprio presidente Sarney pode fazê-lo. Essa sensação de impunidade não é benéfica para a nossa sociedade", afirmou o jornalista.

A representação vai ser encaminhada ao Conselho de Ética do Senado, órgão que tem poderes para analisar atos praticados por senadores que não estejam de acordo com o decoro parlamentar. O conselho está sem os seus integrantes completos desde a crise política que atingiu o Senado em 2009.

Depois do episódio envolvendo Requião, Sarney prometeu colocar em votação ainda nesta terça-feira as indicações para o conselho no plenário da Casa. O senador ainda disse que pretende indicar o novo corregedor do Senado até o final da semana, já que a Corregedoria também tem poderes para investigar atos cometidos por parlamentares.

Além de tirar o gravador do jornalista, Requião também ameaçou agredi-lo fisicamente depois de ser questionado sobre a aposentadoria de R$ 24 mil que recebe como ex-governador do Paraná. O senador levou o gravador e apagou a entrevista da memória do aparelho.

Ontem, no final do dia, Requião mandou devolver o equipamento e o cartão de memória ao repórter - que registrou ocorrência na Polícia Federal contra o peemedebista.

Sarney minimizou a agressão de Requião ao classificá-la de "atrito devido a um problema de temperamento". "É um episódio que podia não ter acontecido, um problema de temperamento. Acho que foi um atrito, mas não tem essa conotação de uma agressão à liberdade de imprensa", disse.