Senado aprova ampliação dos direitos das domésticas

Proposta deve ser promulgada na terça-feira (2), em sessão do Congresso marcada para o meio-dia

Fonte: STF

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O Senado aprovou por unanimidade nesta terça-feira (26), em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)  66/2012, que garante aos empregados domésticos direitos já assegurados aos demais trabalhadores. A proposta, aprovada em primeiro turno na semana passada, deve ser promulgada na terça-feira (2), em sessão do Congresso marcada para o meio-dia.


De acordo com o texto, as novas regras entram em vigor na data da publicação, o que também deve ocorrer na próxima semana. Alguns dos direitos são imediatos, como a jornada definida, com limite de 8 horas diárias e 44 semanais, e as horas extras. Para outros, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o texto prevê a necessidade de regulamentação.


"Alguns itens necessitarão de regulamentação, mas o fundamental é que os direitos trabalhistas estão assegurados", disse o presidente do Senado, Renan Calheiros.


Mais uma vez, a aprovação da proposta se deu por unanimidade entre os senadores presentes, com 66 votos a favor. O procedimento adotado, no entanto, chegou a ser questionado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), que criticou o fato de a matéria ser colocada em votação antes da discussão. Vários senadores lembraram, porém, que a matéria havia sido aprovada em primeiro turno por unanimidade (70 a 0), motivo pelo qual não haveria problema em se iniciar a votação, enquanto os parlamentares se manifestavam.


Igualdade


A maioria dos senadores classificou a aprovação da PEC como o fim de uma injustiça e a garantia, depois de muito tempo, de tratamento igual aos empregados domésticos, em relação aos demais trabalhadores.


A relatora da PEC no Senado, Lídice da Mata (PSB-BA), lembrou que, desde a escravidão, há o argumento de que a garantia de direitos pode gerar o caos. No entanto, ressaltou, a história já desmentiu esse tipo de afirmação.


"O passo que o Senado hoje está dando aqui é um passo fundamental para garantir a modernidade da vida e das relações democráticas de trabalho neste país", disse.


A senadora Ana Rita (PT-ES) disse considerar que a alegação de muitos patrões de que as domésticas fazem parte da família não é suficiente e não se opõe à necessidade de que sejam garantidos os direitos desses trabalhadores. O argumento foi reforçado por Aécio Neves (PSDB-MG), que reiterou a importância de o vínculo trabalhista substituir o familiar, além de afirmar que a medida beneficiará uma parcela expressiva da população.


"Não há, a meu ver, neste momento, em discussão no Congresso uma medida de tanto efeito e de tamanha repercussão a uma categoria tão expressiva de brasileiros e brasileiras como essa", afirmou Aécio.


Filho de empregada doméstica, o senador Magno Malta (PR-ES) sugeriu que a emenda constitucional resultante da PEC das Domésticas seja conhecida pelo nome de “Lei Benedita da Silva”. A deputada, relatora da proposta na Câmara, começou a trabalhar como doméstica ainda criança, aos dez anos. A ideia do senador recebeu o apoio dos colegas.


Além de Benedita, compareceram à sessão a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Janete Pietá (PT-SP); a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci; a ministra da Secretaria de Igualdade Racial, Luiza Bairros; e a ministra do Tribunal Superior do Trabalho Delaíde Arantes, que também já trabalhou como doméstica. Depois de encontrar o presidente Renan Calheiros, mais cedo, a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Maria Oliveira, foi convidada a fazer parte da mesa.


Direitos


Atualmente, o trabalhador doméstico tem apenas parte dos direitos garantidos pela Constituição aos trabalhadores em geral. Alguns dos direitos já garantidos são salário mínimo, décimo-terceiro salário, repouso semanal remunerado, férias, licença-gestante e licença-paternidade, aviso-prévio e aposentadoria.


Entre os novos direitos está o controle da jornada de trabalho, uma das mudanças mais relevantes na prática e, por isso mesmo, uma das mais polêmicas entre empregadores. Se antes os empregados domésticos não tinham duração do trabalho definida, agora passam a ter direito a uma jornada de 44 horas semanais e não superior a oito horas diárias. Além disso, passam a receber horas extras, que devem ser remuneradas com valor pelo menos 50% superior ao normal.


Empregadores e críticos da medida alegam que a definição da jornada poderia levar à demissão em massa de trabalhadores. Muitos empregados domésticos dormem no local de trabalho, o que gera dúvida, por exemplo, sobre a possibilidade de que as horas à disposição sejam consideradas horas trabalhadas.


FGTS


Outro direito garantido pela PEC é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que deve gerar o maior aumento de custo para o empregador. O valor a ser recolhido mensalmente é de 8% do salário do empregado, que poderá receber o valor acumulado nas hipóteses previstas em lei.


Apesar de o texto condicionar o pagamento do FGTS a regulamentação, o consultor legislativo Eduardo Modena diz considerar que a aplicação é imediata. O assunto, para ele, já está regulamentado porque o pagamento do FGTS ao empregador doméstico é uma opção prevista em lei e tem a sistemática estabelecida. A diferença é que agora o recolhimento passa a ser obrigatório. No entendimento do consultor, os depósitos devem começar a ser feitos assim que as mudanças da PEC entrarem em vigor.

Palavras-chave: Senado Ampliação Empregados Domésticos Direitos

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7 Comentários

Lucas estudante27/03/2013 15:44 Responder

Acho que a quantidade de direitos da doméstica é inversamente proporcional à quantidade de domésticas.

mARCUS cERCATTO Advogado27/03/2013 21:44 Responder

Fundamental e definir o que caracteriza trabalhador doméstico de diarista.

Carlos C. Affini Advogado28/03/2013 9:31 Responder

Cada dia mais ter uma empregada doméstica se torna artigo de luxo. Cada vez mais é utilizado o trabalho da prestadora de serviço \\\"diarista\\\" em lugar daquela. O aumento de tais garantias tende a incentivar a diminuição do trabalho realizado sob o regime de emprego e aumentar o trabalho realizado sob o regime de prestação de serviços. Resta às dependentes deste labor se adaptarem as mdanças do mercado, o qual não admite a inércia.

Gregório chapeiro29/03/2013 12:19 Responder

Demorou de mais para ser aprovado esta PEC,ou seja de reconhecer os direitos das empregadas dométicas.Esses direitos deveriam está enlecados desde o surgimento da CLT.Porém o melhor do que tarde de que nunca!!!!

Jesiel Advogado29/03/2013 12:43 Responder

A hipocrisia nos impede de enxergar que, ao final, os políticos e o governo sairão ganhando e os patrões e as empregadas perderão. Sairá mais barato exigir que a diarista faça em um dia o serviço de uma semana.

WILMA advogada30/03/2013 15:06 Responder

Nada contra os domésticos, porem sim crítica a essas leis oportunistas,politiqueiras que, como bem ressaltou nosso colega Jesiel vai sim ocorrer aquela hipótese por ele aventada, não tenha dúvida! O que noto ainda é que os comentaristas, os políticos só enfatizam os direitos dessa classe, porem não os DEVERES. Imaginem aqueles empregados que, por seus próprios interesses e necessidade pedem para morar na residencia do patrão,juntamente com sua família; eles terão, casa com todos os itens essenciais, como luz,agua,telefone, alimentação garantidos pelo empregador. É o caso de muitos empregadores pessoas físicas, como os que têm sítios por esses Interiores do Brasil. Veja quantos direitos! E o que esses empregados , com a nova lei, darão em troca? Se o infeliz patrão quiser comer uns verdinhos, alface etc.,criar umas galinhas, no final terá que pagar extra, pois a carga horária não será suficiente!!!. Jesiel,vc.está certo, é realmente o que vai acontecer, não digo um dia, mas pelo menos 2 na semana ou até 3, para uma família maior! Vc.compra comida pré preparada, deixa no freeser ,inclusive sobremesas, e está tudo certinho. PASMEM OS CÉUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Malco Angioletti Advogado01/04/2013 10:59 Responder

Parabés às domésticas que adquiriram esses direitos, é bem merecido. No entanto, a tendência agora é aumenar o desemprego nessa área, visto que será difícil quem pode arcar com mais esses ônus.

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