Revista: advocacia reclama de abusos na entrada de fóruns

Fonte: Conselho Federal da OAB

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A revista pessoal é uma das situações mais humilhantes pela qual a advocacia pode passar. O sentimento é compartilhado pelos advogados que freqüentam fóruns e tribunais cotidianamente e são levados a passar pelo detector de metal e, muitos, a abrir as suas pastas e bolsas para a análise do segurança. Eles reconhecem que os dias estão cada vez mais perigosos e que todo cuidado é pouco, mas defendem tratamento igual para todos.

?Juízes e membros do Ministério Público, que têm porte de arma e andam armados, entram sem ser revistados?, reclama o presidente da Comissão de Direito e Prerrogativas da OAB-SP, Sergei Cobra Arbex. Ele diz ainda que os funcionários não passam por esse constrangimento e faz uma comparação: ?nos presídios, 99% das ilegalidades são cometidas por familiares e funcionários?.

O tratamento dispensado aos advogados e aos cidadãos comuns é ofensivo, na opinião de Arbex. ?Nunca ouvi história de advogado que entrou com arma em audiência.?

Como presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB-SP, recebeu ofício do conselheiro estadual Frederico Antonio Gracia. O documento aponta abusos na abordagem de seguranças na entrada de advogados no Fórum do Guarujá (litoral sul de São Paulo). Ele conta que é comum as advogadas que atuam na região terem de abrir a nécessaire na hora da revista. Fora as bolsas que são reviradas pelos guardiões do fórum.

Gracia defende que a pasta dos profissionais ?é extensão do escritório. Portanto, está sob o manto da inviolabilidade?. O conselheiro pensa como Arbex. Diz que é preciso tomar precauções, mas contra todos. Também critica o método atual, por entender que não traz efeitos práticos. ?Quando os marginais querem entrar, eles entram.?

O advogado conta que o único ato de violência que aconteceu no Fórum do Guarujá foi quando um oficial de Justiça entrou à noite com uma espada de samurai e machucou o braço de um segurança. ?Depois, não houve mais crime.? Por isso, a revista só deve ocorrer quando há suspeita, concluiu Gracia.

Contra o que consideram abusivo e vexatório, Sergei Arbex afirma que pediu providências junto à corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo e ao Conselho Nacional de Justiça. Há ainda procedimento administrativo correndo na OAB.

No Rio

No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a insatisfação dos advogados com a revista recebeu promessa de acabar. O TJ vai disponibilizar uma catraca para a entrada de advogados sem bolsas ou pastas até que seja instalada uma catraca própria para eles, com abertura automática mediante a apresentação da carteira de advogado.

O presidente da seccional fluminense da OAB, Wadih Damous, se reuniu com o presidente do TJ do Rio, desembargador Murta Ribeiro, para discutir o assunto. O encontro aconteceu depois de advogados se irritarem com o rigor da fiscalização. A secretária-geral da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da OAB-RJ, Victoria Sulocki, contou à Consultor Jurídico que foi ao Fórum prestar auxílio a um advogado de 70 anos que, segundo ela, teve suas prerrogativas desrespeitadas.

Victoria relata ter se apresentado como advogada, mostrando sua carteira da Ordem, e se recusado a abrir a bolsa. ?Não tinha necessidade.? Ela conta que três seguranças tentaram bloquear a entrada. Como não conseguiram, um deles deu a ordem a outro: ?Segue ela porque furou o bloqueio.? Assim, conta a advogada, foi acompanhada por um segurança e um PM até o terceiro andar do TJ, onde fica um posto da OAB. ?Foi uma situação muito constrangedora.?

Segundo comunicado da Ordem enviado ao TJ fluminense, Victoria não foi a única a passar pelo constrangimento. Conforme o documento, um dos delegados da comissão de prerrogativas, Raul Rodrigues, quase teve de tirar a roupa devido à revista. O advogado não foi encontrado para comentar o episódio.

Palavras-chave: abusos

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1 Comentários

Arleu SIlva Moreira Advogado25/03/2008 10:28 Responder

Entendo como  militante na área jurídica, como advogado, que é vexatória a exposição dos causídicos a revista pessoal nos fóruns. Entretanto, as manifestações de irresignações de alguns dos representantes da OAB, quanto a este fato, não tem razão de ser, uma vez que silenciaram quando foram arquivados pela Câmara dos Deputados, o PL.4869/2005 do ex-deputado Roberto Jeferson, e outro de uma deputada, da qual, não me recordo o nome, os projetos que autorizavam os advogados a portarem armas de fogo.Ora, se não queriam ser revistados, eis que o objetivo da revista é a busca de arma, por que então não apoiaram os projetos de leis, que acabaram sendo arquivados?Acredito, que os defensores contrários as revistas(detectores de metais/portas giratórias), foram  também com relação aos projetos, porque receiam as armas de fogo, entretanto,acham que são  errôneas as buscas das mesmas pelos seguranças dos fóruns. Tal atitude não contraditória?Arleu Silva MoreiraAdvogado OAB/RS48.451

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