PF afirma que Dantas cogitou subornar juiz que ordenou sua prisão, diz jornal

Juiz Fausto De Sanctis determinou prisão do banqueiro em duas ocasiões. Escutas da PF dizem ainda que o juiz foi espionado no mês de maio.

Fonte: G1

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Juiz Fausto De Sanctis determinou prisão do banqueiro em duas ocasiões. Escutas da PF dizem ainda que o juiz foi espionado no mês de maio.

Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça mostram que pessoas ligadas ao banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, monitoraram em maio o juiz federal Fausto De Sanctis, que determinou por duas vezes a prisão de Dantas, e cogitaram suborná-lo, informou nesta quarta-feira (16) o jornal "O Estado de S.Paulo".

Isso teria ocorrido, de acordo com a PF, antes da oferta feita, em junho, de US$ 1 milhão ao delegado federal Vitor Hugo Rodrigues Alves Ferreira como tentativa de suborno. O dinheiro serviria para excluir Dantas, sua irmã Verônica e seu filho do inquérito que levou à deflagração da Operação Satiagraha.

Segundo relatório do delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, quem explica a desistência de se oferecer o dinheiro a De Sanctis é a diretora jurídica do Opportunity, Danielle Silbergleid Ninnio. Às 19h21 do dia 21 de maio, ela conversou com um interlocutor ainda não identificado pela PF e disse que o juiz "tem todos os defeitos, com exceção de ser corrupto".

"Aparenta que Daniele teria "sondado" através de terceiros, a atuação do juiz federal Fausto, sobre a possibilidade de lhe ser oferecida "propina", concluindo não ser possível utilizar este método", diz o relatório.

No diálogo, Danielle afirma ainda que De Sanctis comandou "um motim" entre os juízes da 1ª Instância do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) para que nenhum deles prestasse informações ao tribunal sobre onde estava sendo feito o procedimento de investigação que serviria de base à Operação Satiagraha.

Para a PF, a espionagem de magistrados pode ter sido feita por Avner Shemesh, que foi do Exército israelense e teria trabalhado para a multinacional de investigações Kroll. Em outro processo em que Dantas é acusado de espionar membros do governo, na disputa pelo controle da Brasil Telecom, por meio da Kroll, Shemesh e executivos da multinacional também são suspeitos de participação.

A Kroll disse que nunca teve relações com Shemesh e diz que não trabalha mais para Daniel Dantas. Segundo disse ao "Estado" Eduardo Gomide, diretor-executivo da Kroll, um ex-funcionário da empresa teria sido contratado por Dantas em 2005, mas o funcionário está sendo processado pela empresa nos Estados Unidos.

A assessoria de imprensa do Opportunity informou que os assuntos da área criminal são comentadas apenas pelo advogado de Dantas, Nélio Machado, que também defende os interesses do banco.

Machado considerou "estranha" a acusação de que Dantas teria cogitado subornar o juiz. "Isso é o fim da picada. Completamente sem fundamento e bem no dia em que o Daniel vai prestar depoimento. Estou inclinado a pedir suspeição dele [Fausto De Sanctis]. Acho muito estranho, tem conteúdo de mais armação do que qualquer outra coisa." Segundo o advogado, o pedido de suspeição do juiz com a alegação de que ele não está neutro no caso, poderia acarretar em seu afastamento do caso.

Palavras-chave: Dantas

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