Moradores do Alemão pedem investimento em educação para reduzir violência

Em reunião com integrantes da CPI da Violência contra Jovens Negros, moradores do complexo do Alemão reivindicaram políticas públicas ligadas a educação, creche e saúde

Fonte: Agência Câmara

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Vítimas de violência no Rio de Janeiro pediram aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros e Pobres a implementação de políticas públicas em áreas sob influência de traficantes e milicianos.

Os deputados da CPI fizeram nesta segunda-feira (4) a primeira diligência fora de Brasília. Pela manhã, eles visitaram o complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio. Apesar de contar com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde maio de 2012, o Alemão ainda é palco constante de confrontos entre policiais e traficantes, que deixam um rastro de vítimas.

As mais recentes e emblemáticas foram o menino Eduardo Jesus Ferreira, de 10 anos, e a dona de casa Elizabete Francisco, de 41, que morreram entre o fim de março e o início de abril, supostamente atingidos por tiros de policiais da UPP.

Os deputados ouviram representantes da comunidade em uma escola vizinha à UPP e que traz marcas de disparos de tiro. Representantes do Instituto Raízes e Movimento, formado por jovens moradores do Alemão, denunciaram que alunos e professores costumam ficar no meio de fogo cruzado.

Educação e saúde

Os moradores argumentaram que o combate à violência em comunidades passa, principalmente, pela efetivação de políticas públicas, sobretudo ligadas a educação, creche e saúde.

Para o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG), a presença da UPP divide opiniões no Complexo do Alemão. "Segundo a comunidade, a violência aumentou depois que a UPP foi para lá. Uns querem a UPP, outros não. A grande agressão que tem aqui é dos criminosos contra os policiais. As paredes aqui estão todas furadas de bala. Então, os tiros vêm lá de cima do morro e a troca [de tiros] é intensa, conforme eles falaram."

Segundo dados do Instituto Raízes e Movimento, o Complexo do Alemão abriga cerca de 20 mil jovens entre 15 e 29 anos que precisam da efetivação das políticas públicas já prometidas pelas autoridades do estado e do município.

Violência policial

Durante a tarde e à noite, a CPI promoveu audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde também foram ouvidos representantes de movimentos sociais e de direitos humanos, da Defensoria Pública e do Parlamento estadual, com foco nas famílias de vítimas da violência.

O deputado Paulão (PT-AL) informou que foram ouvidas, principalmente, as mães de filhos que foram vítimas de violência praticada por policiais. Segundo o deputado, os inquéritos sobre esses crimes “não caminham”. A CPI cobrou a conclusão dos inquéritos e solicitou informações oficiais sobre os números da violência contra jovens negros e pobres no estado.

“Uma das lições que se toma é a importância de haver uma corregedoria forte, com autonomia administrativa e financeira. E uma coisa é certa: tem-se uma violência muito ligada à questão do crack, uma violência entre meninos com nível de infração, mas também envolvendo agentes públicos com nível de preconceito muito alto contra esses jovens", disse o parlamentar.

Paulão lamentou a ausência de autoridades estaduais na audiência pública da Alerj.

Investigação

Além dos deputados Paulão e Delegado Edson Moreira, participaram da diligência ao Rio os deputados Reginaldo Lopes (PT-MG e presidente da CPI), Rosangela Gomes (PRB-RJ e relatora da CPI), Benedita da Silva (PT-RJ), Jean Wyllys (Psol-RJ), Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), Celso Jacob (PMDB-RJ) e Erika Kokay (PT-DF).

Palavras-chave: Investimento Educação Redução Violência

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