Maluf nega todas as acusações em interrogatório na Justiça Federal

Fonte: Folha Online

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O advogado de defesa da área cível do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e de seu filho Flávio, Ricardo Tosto, afirmou nesta quarta-feira que, durante interrogatório na Justiça Federal, Maluf negou todas as acusações contra ele e ainda reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA), pertence ao doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi --que teria operado para a família Maluf no exterior.

O ex-prefeito e seu filho Flávio foram interrogados hoje pelo juiz Paulo Alberto Sarno, substituto da juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo --que está de férias-- sobre as escutas telefônicas feitas pela PF (Polícia Federal), nas quais Flávio apareceria tentando induzir o depoimento do doleiro Birigüi a não revelar detalhes da operação à polícia.

Pai e filho estão detidos na sede da Superintendência da PF desde o último dia 10, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. A prisão preventiva dos dois tem prazo indeterminado e foi aceita pela juíza Silvia Rocha.

A juíza entendeu que o ex-prefeito e seu filho Flávio, em liberdade, poderiam atrapalhar o andamento do processo --que corre em segredo de Justiça--, ocultar provas e coagir testemunhas. Silvia Maria também aceitou as denúncias do Ministério Público contra Maluf e Flávio, o doleiro Birigüi e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira, acusado de pagar propina para obter benefícios para a empresa.

Entretanto, para o doleiro, a Procuradoria pediu a delação premiada (redução da pena), porque ele ajudou a investigação (forneceu nomes, números e valores de contas). As informações de Birigüi foram confirmadas, com precisão de centavos, pelo banco Safra.

O doleiro disse ter movimentado pelo menos US$ 161 milhões por meio da conta Chanani, e afirmou que todo o dinheiro era de Maluf e de seu filho. Já Oliveira declarou que o dinheiro que abasteceu contas dos Maluf no exterior foi desviado de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).

A construtora foi a responsável pela construção da avenida Água Espraiada --atual Jornalista Roberto Marinho--, que custou aos cofres públicos cerca de US$ 600 milhões. O Ministério Público acredita que a obra foi o meio utilizado para o dinheiro ter sido encaminhado às contas no exterior. Desde as primeiras denúncias, a construtora nega a participação no esquema de desvio de dinheiro na prefeitura de São Paulo.

Os interrogatórios de Birigüi e Oliveira na Justiça Federal estão marcados para às 15h30 de amanhã.

Inocente

Esta foi a primeira vez que Maluf e Flávio saíram da carceragem da PF. Os dois chegaram ao prédio do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, no bairro Cerqueira César, em carros separados, por volta das 13h20. O depoimento do ex-prefeito iniciou-se às 14h30 e durou quatro horas ininterruptas. O de Flávio começou logo em seguida e, até às 21h50 desta quarta-feira ainda prosseguia.

"O doutor Paulo se declarou inocente e negou todas as acusações", disse Tosto depois de informar que apareceram fatos novos no processo de seu cliente. O advogado afirmou que a defesa dos Maluf deverá entrar com um novo pedido de liberdade ao juiz, já que os interrogatórios do doleiro e do ex-diretor da construtora ocorrerão nesta quinta-feira.

"Já foi feita a instrução, eles [Maluf e Flávio] foram ouvidos, os pseudos alegam que o Paulo [Maluf] pudesse influir no depoimento, mas isso vai se extinguir amanhã ou depois. Acho que a defesa, os criminalistas, vão estudar e, se possível, nós vamos entrar com esse pedido sim".

Tosto ainda afirmou que Maluf, durante o depoimento, reafirmou que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York (EUA) pertence a Birigüi. "Ele disse que a Chanani é do Birigüi. Existem mais algumas provas que unem o Birigüi ao caso, e fica bem claro que ele é o dono da conta. Não há nenhum tipo de participação na gestão. Ele [Maluf] negou veêmentemente isso no seu depoimento".

"Existem algumas coisas importantes que, hoje, acho que foram elucidadas no juízo", completou o advogado sem querer dizer quais seriam alegando que respeita o segredo de Justiça. "Se eu falar, estarei indo contra o meu princípio", concluiu.

Habeas corpus

Em relação aos pedidos de liminar de habeas corpus de seus clientes terem sido negados nesta quarta-feira pelo ministro Gilson Dipp, da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, Tosto disse que a defesa irá agora recorrer à Turma daquela segunda instância. "Houve a negação, só que agora vai para a Turma do STJ. Então, nós vamos trabalhar para ganhar lá".

Em sua decisão, Dipp alegou supressão de instâncias, já que o TRF (Tribunal Regional Federal) de São Paulo é primeira instância e ainda julga dois pedidos de habeas corpus de Maluf e Flávio, impetrados também por seus advogados de defesa.

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