Justiça nega pedido de liberdade de ex-marido de estudante degolada
Ele é suspeito de ser mandante da morte da ex-companheira, encontrada dentro de seu carro, degolada e com os dentes quebrados
O desembargador relator Francisco Orlando, da 2ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou nesta sexta-feira (28), em caráter liminar, o pedido de liberdade de Allan dos Santos Peçanha, de 27 anos, suspeito de ser o mandante do assassinato da ex-mulher, a universitária e promotora de eventos Lore de Santana Vaz, de 26 anos.
A estudante foi encontrada degolada em Santo André, no ABC, em 13 de setembro, dentro do Fiat Uno usado por ela para ir à faculdade. O pescoço e orelha de Lore estavam cortados e os dentes quebrados.
Segundo a assessoria do tribunal, o pedido foi negado porque os advogados de defesa não indicaram quais eram as provas de que o ex-marido sofreu constrangimento ilegal, como alegado pela defesa. Posteriormente, o mérito do recurso será julgado por Orlando e outros dois desembargadores. Os magistrados costumam se reunir sempre às segundas, a partir das 13h.
O crime
De acordo com o Setor de Investigações sobre Crimes de Homicídios da Delegacia Seccional de Santo André, no ABC, o ex-marido de Lore pagou mais de R$ 2 mil para o funileiro Raimundo Nonato Bezerra, 32, e o auxiliar de limpeza Robert Pirovani Gama, 21, sequestrarem a estudante na saída da faculdade em São Caetano do Sul e matá-la. O motivo do crime, segundo a investigação, foi financeiro: Lore estava cobrando de Allan uma dívida de R$ 3 mil.
Imagens gravadas por câmeras de segurança divulgadas pela polícia mostraram o funileiro e o auxiliar saindo do carro da vítima. Em seguida, as cenas mostram os dois entrando num Chevrolet Kadett conduzido por Allan.
Os três foram presos temporariamente por decisão da juíza Milena Dias, após testemunhas os reconhecerem nas imagens. Em seus interrogatórios, os três também confessaram participação no crime. Apesar de os depoimentos apontarem que Allan os contratou, alegaram que o combinado seria sequestrar Lore para dar um “susto” nela, e não matá-la. Duas facas foram usadas no crime. Apesar disso, nenhum dos envolvidos assumiu o assassinato. Raimundo e Robert, que abordaram a vítima no veículo dela, trocaram acusações sobre quem a degolou.
O que diz a defesa
Na terça-feira (25), os advogados de Allan, Luis Crosselli e Cristiane dos Santos, disseram à equipe de reportagem que o ex-marido da vítima só confessou sua participação no crime porque durante seu interrogatório foi ouvido sem a presença de seus advogados, sendo coagido psicologicamente e intimidado e pressionado pelos policiais civis.
Procurados, o Setor de Homicídios e o Ministério Público negaram que o suspeito tenha sofrido qualquer coação nas quase duas horas em que foi ouvido na presença deles.
Por conta das contradições nos três interrogatórios, a polícia não descartou uma acareação entre os detidos e até mesmo uma reconstituição. Os laudos da Polícia Técnico-Científica também são aguardados para apontar quem degolou Lore. Um deles é de DNA: irá comparar