Justiça Eleitoral aplica Lei da Ficha Limpa nas Eleições 2012

Todos os cargos deverão obedecer aos critérios estabelecidos pela Lei da Ficha Limpa, que prevê os casos em que os candidatos ficam submetidos a inelegibilidade

Fonte: TSE

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Termina na próxima quinta-feira (5) o prazo para que os partidos políticos e coligações apresentem, nos cartórios eleitorais, o requerimento de registro de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. Para todos os cargos, deverão ser obedecidos os critérios estabelecidos pela chamada Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), que prevê os casos em que os candidatos ficam submetidos a inelegibilidade.


Contas de campanha eleitoral x contas de gestor público


A decisão tomada pelo TSE que permite, nas Eleições 2012, a participação de candidatos que tiveram contas de campanhas eleitorais anteriores reprovadas não impede a aplicação da Lei da Ficha Limpa. As contas de campanha são diferentes das contas relativas ao exercício de funções públicas, ou seja, as contas dos gestores públicos (prefeitos, governadores, secretários estaduais ou municipais etc).


As contas de campanha são regidas pela Lei das Eleições (Lei 9.504/97), que, em seu texto, condiciona a obtenção do registro de candidatura à mera apresentação da prestação de contas dos recursos arrecadados por meio de doações e utilizados na eleição. Essas contas são analisadas e julgadas pela Justiça Eleitoral e a decisão do TSE apenas manteve a aplicação literal da norma elaborada pelo Congresso Nacional.


Já as contas dos secretários estaduais e municipais, prefeitos e governadores, por exemplo, que movimentam os recursos públicos, são analisadas pelos tribunais de contas e pelo Poder Legislativo. Nesses casos, a reprovação das contas acarreta a aplicação da Lei da Ficha Limpa e torna o gestor público inelegível, impedindo que seja candidato na eleição.


Ficha Limpa


A Lei da Ficha Limpa, fruto da iniciativa do povo brasileiro, determina a inelegibilidade, por oito anos, de políticos condenados em processo criminais em segunda instância, cassados ou que tenham renunciado para evitar a cassação, entre outros critérios.


São considerados inelegíveis o governador e o prefeito que perderam os cargos eletivos por violação à Constituição Estadual e à Lei Orgânica do Município. Também não podem se candidatar quem tenha sido condenado pela Justiça Eleitoral em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político.


A inelegibilidade alcança, ainda, os que forem condenados pelos crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; contra o meio ambiente e a saúde pública; eleitorais, para os quais a lei determine a pena de prisão; de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; de redução à condição análoga à de escravo; contra a vida e a dignidade sexual; e delitos praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.


A Lei da Ficha Limpa ainda torna inelegíveis os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure improbidade administrativa. Estão na mesma condição aqueles detentores de cargos públicos que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político.


Estão incluídos na condição de inelegíveis os que forem condenados por corrupção eleitoral, compra de votos, doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma.


Os políticos que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município também são inelegíveis. Estão na mesma condição os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, por ato intencional de improbidade administrativa que cause lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.


Da mesma forma são inelegíveis os que forem excluídos do exercício da profissão, em decorrência de infração ético-profissional, e os que forem condenados em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade.


A lei inclui os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, e a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais.


São inelegíveis, também, os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por sanção, os que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar.

Palavras-chave: Eleições; Política; Contas; Inelegibilidade; Lei da ficha limpa

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4 Comentários

josé saraiva Magistrado03/07/2012 6:18 Responder

Quando uma legislação moralizadora nasce de iniciativa popular, seu acolhimento se dá de forma regojizante. Com base nisso, entendo que toda legislação de natureza eleitoral não deveria ser afeta ao deputados e senadores, mas a instância judiciária superior, a exemplo do TSE. Político legislar sobre matéria eleitoral, é como crime organizado querer instituir um Código Penal. É legislar em causa própria. Clamo, agora, que se mobilize a iniciativa popular para castrar de vez o abuso na proliferação de cargos políticos, sejam comissionados ou contratados, por serem a moeda de troca mais imoral desse país, além de ferir de morte qualquer receita pública.

JOÃO Ananias MACHADO BB-Aposentado 12/07/2012 0:39

CORRETO: \\\"...regozijadora...\\\" \\\"...afeta aos deputados...\\\" \\\"...mas à instância...\\\" \\\"...mais imoral deste país...\\\" (a não ser que o comentário tenha vindo de outro país).

José Saraiva Magistrado de 1º Grau 24/07/2012 21:47

Obrigado, mestre João Ananias. Suas correções merecem minha acolhida. No próximo comentário tentarei ser mais atencioso, e, acaso incorra em erros ortográficos, peço sua correção. Afinal, o bom da vida é aprender uma nova lição a cada dia. Que DEUS o abençoe.

Jorge médico e advogado03/07/2012 11:38 Responder

Dr. Saraiva. sua postura é clara, digna de um magistrado que honra o cargo. Que outros sigam seu o seu exemplo.

ARIOCI NUNES MACIEL BACHAREL EM DIREITO03/07/2012 19:41 Responder

Ilustrissimo Magistrado José Saraiva. Sua postura despença qualquer comentário, magistrado de um lado só o lado da legalidade, mas o que mais me surpriende é ver o senhor\\\"CARLINHOS CACHOEIRA\\\" sendo defendido pelo ILUSTRISSIMO SENHORE MARCIO TOMAS BASTOS se não me falha a memoria ex ministro da justiça, QUE MINISTRO DA JUSTIÇA TINHA O BRASIL. esa é de chora. de perder a respiração.

braz cortez aposentado/bacharel em direito07/07/2012 17:26 Responder

Parabens ao Dr: Saraiva. Ah! se todo magistrado tivesse a mesma orientação moral do senhor! Com relação ao Carlos Cachoeira, Sr: Arioci, a defesa promovida pelo Marcio Bastos não fere regra de conduta, ética ou moral, desde que se atenha em defendê-lo para que seja feita justiça simplesmente, assim, seja ele, se culpado, apenado na medida exata de sua culpabilidade

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