Juízes devem evitar o "juridiquês" no trato com a imprensa

Quando o magistrado fala, não é ele quem está se manifestando, mas o Estado.

Fonte: TST

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?Quando o magistrado fala, não é ele quem está se manifestando, mas o Estado. É preciso então ser muito claro, senão o que foi dito pode se voltar contra a instituição.? A advertência para se evitar o ?juridiquês? no trato com os jornalistas, feita pelo ministro Guilherme Caputo Bastos, do Tribunal Superior do Trabalho, aos alunos do 6º Curso de Formação Inicial da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat), durante a mesa-redonda ?Relacionamento com a Sociedade e a Mídia?, realizada ontem (20). O ministro, que coordenou a mesa-redonda, lembrou que, em sua primeira experiência numa entrevista à TV Justiça, pediram-lhe que usasse expressões corriqueiras, que as pessoas comuns pudessem entender com facilidade. ?Nunca esqueci a lição?, afirmou.

Os dois outros palestrantes, os jornalistas Renato Parente, secretário de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal, e Madeleine Lacsko, coordenadora da Rádio Justiça, também destacaram a importância de se utilizar linguagem clara na comunicação dos fatos relacionados com a atividade judiciária.

Experiente em rádio, Madeleine Lacsko explicou que, quando os juízes não traduzem os termos técnicos para o grande público, o profissional de imprensa poderá simplesmente não fazê-lo também, apenas repetir o que foi dito ? e, portanto, a informação não será compreendida pelo destinatário. Outra hipótese é o próprio jornalista se encarregar de ?traduzir? o ?juridiquês?, e fazê-lo de forma errada. ?O poder está sempre nas mãos do tradutor da informação?, disse ela, que sugeriu: ?Pense que o senhor está explicando o assunto para seu avô ou para sua secretária, da forma que lhe convém.?

Renato Parente recomendou aos novos juízes que busquem sempre o apoio da assessoria de comunicação social de seus Tribunais para lidar com a imprensa. Assessor de imprensa do TRT paulista à época do escândalo do Fórum Trabalhista de São Paulo, Parente afirmou que há estudos mostrando que a imagem do Tribunal, como órgão julgador, não saiu tão arranhada à época, porque a instituição trabalhou para separá-la da imagem do juiz Nicolau dos Santos Neto, condenado por corrupção. ?Argumentamos junto aos órgãos de comunicação que há ex-governador, ex-prefeito, ex-tudo. Por que não ex-juiz??, dissemos. ?Eles acabaram acatando a argumentação, e isso fez diferença?, contou, lembrando que, quando as irregularidades ocorreram, Nicolau já estava aposentado e atuava na comissão de obras, mas não mais julgava.

A Enamat é a primeira Escola Nacional de Magistratura instalada após a Reforma do Judiciário, de 2004. Instituída como unidade autônoma pelo TST em 2006, é responsável pela coordenação nacional dos cursos de formação de magistrados, obrigatórios para a efetivação dos novos juízes na Justiça do Trabalho. A administração atual da escola é composta pelos ministros Carlos Alberto Reis de Paula, diretor, e Antônio José de Barros Levenhagen, vice-diretor, e conta com assessoria de um Conselho Consultivo composto por ministros do TST e juízes de TRTs e de Varas do Trabalho.

Palavras-chave: juízes

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