SÃO PAULO - O apresentador Antônio Augusto Liberato, o Gugu, será processado pela Justiça por violar os artigos 16 e 18 da Lei de Imprensa (divulgar notícias falsas que causem perturbação da ordem pública e pagar para obter informação) e por crime de ameaça. Também serão processados o jornalista Wagner Mafezoli, o produtor Rogério Casagrande, os atores Wagner Faustino da Silva, o Alfa, Antônio Rodrigues da Silva, o Beta, e Amilton Tadeu dos Santos, o Barney. Se condenados, os acusados podem pegar até seis anos de prisão.

A decisão da juíza Izabel Irlanda Castro Correia Araújo, da 2ª Vara Criminal de Osasco, se baseou na reportagem exibida no programa "Domingo Legal", do SBT, em setembro de 2003, onde Alfa e Beta se passaram por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e ameaçaram de morte os jornalistas Marcelo Rezende, José Luiz Datena e Oscar Roberto de Godoy, o vice prefeito Hélio Bicudo e o padre Marcelo Rossi, que estariam na lista negra da facção.

A exibição da reportagem fez com que o apresentador pedisse desculpas publicamente pelo episódio. Na ocasião, ele afirmou que a matéria "foi um erro". O vice-prefeito Hélio Bicudo entrou com uma representação na Justiça contra Gugu, o dono do SBT, Silvio Santos, e o jornalista Wagner Mafezzoli, por ameaça. Bicudo chegou a andar de carro blindado e com escolta da Polícia Federal após a exibição da reportagem. Rezende e Datena também entraram com representações na Justiça contra o apresentador.

O Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado (Deic) e os promotores do Grupo de Atuação especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), especializados em apurar crimes do PCC, investigaram o caso e constataram a farsa. Gugu, segundo a polícia, sempre soube que a entrevista era uma armação de sua produção.A juíza marcou a audiência para o dia 18 de agosto, às 9h, para a qualificação dos réus. O julgamento está previsto para ocorrer no mesmo dia.

O SBT informou que não comentaria o caso, porque o processo envolve a pessoa física de Gugu e os demais acusados. Procurado, o advogado do apresentador, Adriano Vanni, não retornou as ligações.