Governo do Iraque anuncia saída do juiz de Saddam

O primeiro-ministro do Iraque, Nouri Al-Maliki, aprovou um pedido do Judiciário do país para substituir o juiz principal responsável pelo atual julgamento de Saddam Hussein em Bagdá.

Fonte: BBC Brasil.com

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Na última quinta-feira, o magistrado gerou polêmica ao afirmar que Saddam não era um ditador, mas seus assistentes faziam com que ele se parecesse com um.

"Nós pedimos para a Justiça substituir o juiz pois ele perdeu sua neutralidade", disse o porta-voz do governo iraquiano Ali al-Dabbagh à agência de notícias Reuters.

Funcionários do gabinete do premiê disseram à BBC que o juiz Abdullah Al-Amiri será transferido a um conselho judiciário de mais alta instância.

Ainda não está claro quando um novo juiz será apontado para o caso, ou que impacto a mudança vai ter sobre o andamento do processo contra o ex-líder iraquiano.

Saddam Hussein e seis outros ex-integrantes do governo estão sendo julgados em Bagdá por crimes de guerra contra os curdos durante a chamada operação Anfal, em 1987 e 1988.

"A Justiça nos disse que ele (Amiri) já tinha sido substituído. Esta foi uma decisão do gabinete do primeiro-ministro", acrescentou.

Acusação

Na última quarta-feira o chefe da promotoria, Munqith al-Faroon, pediu que o juiz do caso deixasse o posto, afirmando que Amiri está favorecendo Saddam Hussein e os outros réus.

Faroon se queixou que os réus foram "longe demais", ameaçando testemunhas e fazendo declarações políticas.

Amiri rejeitou o pedido afirmando que estava agindo de acordo com princípios de justiça e 25 anos de experiência.

No dia seguinte Amiri fez uma intervenção para afirmar que Saddam Hussein não tinha sido um ditador, seus assistentes fizeram com que o ex-líder se parecesse com um.

Segundo correspondentes a última mudança pode retomar as reclamações de que o governo do Iraque está interferindo nos julgamentos do ex-líder e de membros de seu regime para garantir um veredito mais rápido e que determine que Saddam é culpado.

Os réus são acusados da morte de até 180 mil civis da etnia curda no final da década de 80.

Saddam Hussein e seu primo, Ali Hassan al-Majid, conhecido como Ali Químico, também enfrentam acusações de genocídio.

Ataques químicos

No depoimento de terça-feira, mais sobreviventes da operação Anfal contaram como ocorreram os ataques químicos pelos militares iraquianos contra seus vilarejos.

Iskandar Mahmoud Abdul Rhaman disse em seu depoimento que um ataque em seu vilarejo começou quando aeronaves iraquianas sobrevoaram o local por volta do dia 20 de março de 1988.

"Nos jogamos no chão, fumaça branca nos cobriu e o cheiro era horrível. Meu batimento cardíaco aumentou, comecei a vomitar. Me senti tonto. Meus olhos queimavam e eu não conseguia ficar de pé", disse Rahman.

A testemunha contou que fugiu para o Irã onde médicos trataram dele com injeções, remédios e colírios.

"Eles cortaram a pele queimada com tesoura. Posso mostrar à Corte minhas cicatrizes, que ainda são visíveis em meu corpo", disse.

Fora do alcance das câmeras mas com a presença de jornalistas da Corte, Abdul Rahman tirou a camisa e mostrou várias cicatrizes escuras que tem nas costas.

As outras testemunhas também deram depoimento, repetindo alegações de abusos.

Palavras-chave: juiz

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