Estudante hostilizada na Uniban recebe proposta de outras universidades

Geisy Arruda chegou a ser expulsa por ir à aula com vestido curto. Aluna de turismo, ela foi aceita de volta após decisão do reitor.

Fonte: G1

Comentários: (0)




Geisy Arruda chegou a ser expulsa por ir à aula com vestido curto. Aluna de turismo, ela foi aceita de volta após decisão do reitor.

Após o escândalo em que esteve envolvida a aluna do curso de turismo da Uniban, Geisy Arruda, de 20 anos, que chegou a ser expulsa da faculdade por ir à aula com um vestido curto, duas universidades ofereceram bolsa para que a jovem concluísse seus estudos.

A faculdade particular afirmou, em anúncio publicado nos jornais no domingo (8), que a aluna frequentava ?as dependências da unidade em trajes inadequados, indicando uma postura incompatível com o ambiente da universidade?. Nesta segunda (9), a Uniban revogou a decisão e aceitou ela de volta, para que continue os estudos no campus de São Bernardo do Campo, no ABC.

O advogado Nehemias Domingos de Melo, que defende Geisy, contou na noite desta segunda que ficou "maravilhado" ao saber que uma universidade em Ribeirão Preto e outra em Porto Alegre abriram suas portas para a cliente dele. "Foram ofertas para estudar na área dela, com bolsa integral. Nem esperava. É uma manifestação de carinho e receptividade", contou Melo, que não revelou o nome das instituições.

Até as 21h desta segunda, o advogado não havia recebido "oficialmente" o comunicado da Uniban de que Geisy havia sido aceita novamente entre os alunos. Ele disse que soube da notícia pela imprensa e demonstrou cautela. "Preciso que ela retorne com a garantia de segurança."

O drama de Geisy começou no dia 22 de outubro, quando ela foi à aula com um vestido rosa curto. Vídeos foram colocados na internet, mostrando os alunos hostilizando e humilhando a garota. Ela só conseguiu deixar a universidade após a chegada da polícia. Vestiu um jaleco comprido na ocasião.

Entrevista coletiva

Melo contou que as propostas das universidades surgiram na própria tarde de segunda, logo após ele e a estudante concederem uma coletiva para a imprensa no Centro de São Paulo. Lá, sem saber da decisão da Uniban, o advogado anunciou que entraria na Justiça a fim de garantir os estudos da cliente.

?Vou tentar obter uma liminar que garanta à Geisy concluir o semestre (na Uniban)?, afirmou. Neste momento, diante de uma sala pequena e lotada de jornalistas, a garota se emocionou. ?Minha vontade agora é terminar o curso e me formar em turismo. Continuo a acreditar que existe Justiça neste país?, disse ela, que começou o curso em São Bernardo em fevereiro.

A jovem disse que, mesmo se conseguir terminar o semestre na Uniban, quer mudar de universidade no ano que vem. ?Por medo e por minha segurança, pretendo escolher outra faculdade.?

Geisy chegou ao escritório de Melo por volta das 15h, vestindo blusa frente única vermelha e calça apertada. Questionada pelos jornalistas, voltou a dizer que não vai mudar a forma de ser e que sempre gostou de usar ?calças apertadas?.

Sindicância

A Uniban instaurou uma sindicância para apurar o caso e anunciou, junto com a expulsão de Geisy, a suspensão de um grupo de alunos. O advogado da estudante criticou a forma como a instituição de ensino fez a investigação.

?Essa sindicância foi unilateral. Não sei o que consta dela (a defesa da jovem diz que não teve acesso às informações), que pessoas foram ouvidas. A Geisy foi julgada sumariamente e não teve direito à ampla defesa?, afirmou Melo. A estudante negou que tenha sido ?alertada? pela direção da instituição sobre seu suposto comportamento irregular, como a Uniban informa na nota publicada na imprensa. ?Ninguém nunca falou da minha forma de vestir. Se tivessem me barrado alguma vez, eu teria, humildemente, voltado para casa.?

Histórico

O G1 revelou o caso no dia 29 de outubro. Nesta segunda, a Polícia Civil de São Bernardo do Campo abriu inquérito para apurar o caso, que ficará com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). De acordo com a defesa de Geisy, serão investigados sete crimes: difamação, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, cárcere privado (a garota ficou em uma sala até a PM chegar), incitação ao crime e ato obsceno dos alunos.

Polêmica

A expulsão de Geisy causou polêmica dentro e fora da universidade. O Ministério da Educação abriu um processo de supervisão para analisar a conduta da Uniban e verificar se Geisy teve direito a ampla defesa. A universidade terá 10 dias para se pronunciar.

O caso repercutiu até na mídia internacional. Os jornais "The Guardian" e "New York Times" publicaram notas reproduzidas da agência Associated Press (AP) sobre o assunto.

Palavras-chave: Uniban

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/estudante-hostilizada-na-uniban-recebe-proposta-outras-universidades

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid