Emprego e renda: nossa luta, nosso desafio

"O Dia Mundial do Trabalho, 1º de maio, sempre mereceu uma profunda reflexão de todos nós."

Fonte: Folha de S. Paulo

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O Dia Mundial do Trabalho, 1º de maio, sempre mereceu uma profunda reflexão de todos nós. Não apenas para relembrar e homenagear os trabalhadores assassinados em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886 -fato que deu origem à data-, mas para reafirmar o quanto a luta daqueles trabalhadores continua atual, especialmente no Brasil.

Naquele 1886, a palavra de ordem dos trabalhadores era: "Oito horas de trabalho! Oito horas de repouso! Oito horas de lazer e educação!". Ou seja, queriam a redução da jornada de trabalho, e mais de uma centena deles foi assassinada por esse "crime".

Hoje, 118 anos depois do massacre de Chicago, trabalhadores de todo o mundo continuam lutando e saem às ruas para pedir jornadas de trabalho menores. É claro que há diferenças no número de horas trabalhadas nos diferentes países. A jornada é menor em alguns deles, como França e Alemanha, e maior em outros, entre os quais o Brasil. Mas o significado da reivindicação hoje ganha contornos diferentes da luta de 1886 (naquela época, a jornada era abusiva e desumana, algo como quase 20 horas diárias).

Uma jornada menor, agora, significa a geração de mais postos de trabalho, significa diminuir o desemprego, além de proporcionar mais tempo de lazer para os trabalhadores. Significa também dar ao trabalhador a possibilidade de estudar e se qualificar de forma a se manter incluído numa economia cada vez mais competitiva e globalizada.

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Estamos diante de uma oportunidade histórica para efetivamente tirar o Brasil de cinco séculos de opressão e miséria
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É justamente a luta por emprego na qual a redução da jornada se insere que deve marcar o 1º de maio de 2004 no Brasil. A crise do desemprego se arrasta há anos, resultado não apenas da estagnação da economia nacional, dos juros altos e da queda da renda, mas também do desenvolvimento tecnológico, que fechou milhares de postos de trabalho. Em conseqüência, os indicadores sociais despencaram, levando 33% da população a viver hoje em condições de miséria.

Para nós, da Central Única dos Trabalhadores, o 1º de Maio deste ano é emblemático. Ajudamos a eleger o governo federal e, mais do que nunca, na condição de cidadãos que conquistamos, temos a obrigação de continuar nas ruas disputando o cenário político com as forças conservadoras que sempre dominaram nosso país. Nós também acreditamos que Lula recolocou o Brasil no rumo do crescimento e da justiça social. Mas também achamos que é preciso provocar uma forte aceleração na retomada das políticas de emprego e renda, compromissos que não vêm sendo cumpridos pelo governo.

Por isso, em todas as manifestações que a CUT realizará de norte a sul do país, vamos reafirmar a nossa posição de que são necessárias medidas urgentes para gerar emprego e renda para os trabalhadores. Entre elas, a redução da jornada como um dos principais mecanismos voltados à geração de postos de trabalho. Junto da jornada menor, deve também haver o controle das horas extras, expediente amplamente utilizado pelas empresas e que tem impedido a abertura de novas vagas.

Entendemos que é preciso agir rápido para reverter o desemprego e, por isso, a CUT está reivindicando a adoção de frentes emergenciais de trabalho e de políticas de incremento da produção, acompanhadas da urgente queda na taxa de juros e da revisão dos compromissos fiscais assumidos com o FMI.

E quando o assunto é renda, colocamos como prioridade o estabelecimento de uma política de recomposição do salário mínimo, para que ele possa resgatar o propósito para o qual foi criado, o de conseguir suprir as necessidades do trabalhador e de sua família.

Assim, encaminhamos recentemente ao governo duas propostas: a das frentes emergenciais de trabalho, capaz de minimizar os efeitos do desemprego independentemente de medidas de incremento da economia, e a de fixação do salário mínimo em R$ 300, junto com uma política que dobre o seu valor até 2007 e estabeleça os critérios para que, em até 20 anos, ele atinja os patamares estabelecidos na Constituição Federal (que, segundo o Dieese, deveria ser de R$ 1.442,46).

Esses dois pontos, emprego e renda, são o nosso desafio e a nossa luta neste Dia Mundial do Trabalho e ao longo de 2004. Por isso, queremos transformar as manifestações dessa data num momento muito especial, pois estamos diante de uma oportunidade histórica para efetivamente tirar o Brasil de cinco séculos de opressão e miséria. Para isso, convidamos os trabalhadores e a população a participarem dos atos da CUT. Além de reafirmar nossas bandeiras de luta, vamos mostrar que uma nova etapa da história desta nação está sendo construída. É dessa forma que, efetivamente, a esperança vai continuar vencendo o medo e transformaremos em realidade o sonho de justiça e dignidade para todos os brasileiros.

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Luiz Marinho, 44, é o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

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