O diretor, Rodolfo Acatuassú Nunes, responsável pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, terá que dar explicações sobre quarenta corpos de bebês recém-nascidos encontrados no necrotério da unidade. Os corpos foram encontrados após o Ministério Público Estadual receber uma denúncia. O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo. O hospital Pedro Ernesto é considerado referência em partos de alto risco na cidade.

O diretor afirma que após o Ministério Público ter encontrado os cadáveres, uma sindicância foi aberta dentro do hospital para que o processo de enterro e identificação dos corpos dos bebês seja apurado e ganhe agilidade. É responsabilidade do hospital acionar a Justiça no caso de bebês natimortos ou simplesmente abandonados pelas famílias após o óbito para que eles sejam identificados e enterrados. Como não há um prazo máximo para o hospital acionar a Justiça, alguns corpos simplesmente são abandonados no necrotério e estão por lá há mais de quatro anos.

O Ministério Público vai exigir a identificação por exames de DNA de todos os corpos. O hospital terá de apresentar a lista com o nome e endereço dos pais. “Espero esclarecer a situação de cada criança e que isso se encerre com um sepultamento digno de todos os corpos que encontramos ali”, afirmou a promotora Ana Cristina Huth Macedo, responsável pela investigação.

Jogo de empurra – Em alguns casos, o hospital alega que a Justiça é falha. Um bebê morreu em agosto de 2012 no hospital após um parto prematuro. A criança pesava apenas 800 gramas e nasceu no sexto mês de gestação. A mãe, usuária de crack, abandonou o corpo. O hospital comunicou o óbito ao Juizado da Infância e da Juventude, como determina a lei. Mais de um ano depois, em dezembro de 2013, o Juizado procurou o hospital para confirmar as datas e encerrar o processo, mas descobriu que o corpo do bebê ainda não havia sido enterrado.

A juíza determinou que o Ministério Público investigasse. A promotora da juventude foi até o hospital com dois peritos para saber o que tinha acontecido e descobriu os corpos dos quarenta recém-nascidos. Quinze bebês que estavam no necrotério não tinham sequer identificação. “A gente precisa entender porque eles estão nessa situação. Se houve falha da família ou do hospital. Quando a criança é deixada no hospital e ela precisa ser sepultada, o hospital solicita a intervenção do judiciário. É muito comum isso acontecer. Aí o Juizado intervém para que o sepultamento seja feito”, explicou a promotora.