Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/comissao-aprova-pena-de-prisao-a-quem-aceitar-jaba

1 Comentários

JOSE ROBERTO advogado13/12/2005 16:12 Responder

O “jabá”, forma reduzida de jabaculê, é uma gíria nacional derivada de GORJETA, termo recebido da língua francesa (gorget) para designar a pequena quantia de dinheiro, excedente ao que é devido, que a gente dá – a título de gratificação – para outra pessoa por algum serviço que nos interesse, e que ela tenha nos prestado ou ainda vá prestar. Feitos estes necessários esclarecimentos preliminares, estou convencido de que o Projeto de Lei nº 1048/03, de autoria do deputado petista pernambucano, Fernando Ferro, será mais uma daquelas inúmeras leis que nunca conseguem funcionar de verdade; não pegam! O jogo-do-bicho, a prostituição, etc., são configurados na lei como contravenção e estão aí desde que o mundo é mundo, e ninguém consegue mudar... nem mesmo a lei. Com todo o respeito ao deputado e à sua iniciativa, entretanto, ao lançar o projeto parece-me que ele esqueceu que quem recebe o “jabá” normalmente é um diretor de uma empresa de um mundo regido pelo capitalismo, e que só sobrevive à custa do lucro, venha ele de onde vier. Afinal, do outro lado essa empresa tem um severo e voraz “sócio” chamado “LEÃO” ou, como querem os tecnocratas, IMPOSTO DE RENDA, RECEITA FEDERAL, FISCO FEDERAL, etc., etc. Para este “felino” se a empresa vai mal, o problema é dela, mas se vai bem, então a conversa é com ele! E fim de papo! Aliás, é usual nos restaurantes se cobrarem a taxa de 10% ou outro percentual a título de gorjeta, e vem na nota fiscal. Mas pergunto: - alguém já viu ou ouviu falar que o dono da casa, ao final do dia ou do mês, se reúna com seus garçons e distribua comprovadamente as gorjetas recebidas? Eu nunca vi, nem ouvi falar... Pois então, eis aí um “jabá” legal, mas que não cumpre sua finalidade: ir para o bolso do pobre do garçom... mas o FISCO já ficou com sua parte, através do valor lançado nas notas fiscais. Assim, ao ter em mãos o novo CD, DVD, filme, etc., elaborado a duras penas, muito trabalho, muitos gastos com músicos, compositores, locação de instrumentos, aluguel de estúdios, etc., o artista, com o peito estufado de alegria pelo “novo filho” que acabou de ver nascer, corre às emissoras de rádios e televisão para divulgar o trabalho. E aí? Dá de cara com o pedido de “jabá” pela direção da emissora. Nessa hora nunca tem um deputado por perto para ajudar no cumprimento da lei... nunca tem câmara escondida, que também não resolve nada, muito pelo contrário, trucida de vez o nome do artista depois que a notícia criminal for para o ar... Fica “queimado” em todo o segmento. Então o artista só tem dois caminhos, ou duas alternativas: ou “contribui” com o “jabá” e o trabalho é divulgado, ou não faz nada, deixa o trabalho na emissora e fica em casa esperando ouvir o canto do uirapuru... Por isso, deputado, é que, com ensinam os dicionários, a tal da gorjeta tem tantos nomes pelo Brasil afora, : anhapa, blefaia, cabeça, changa, gosto, gruja, inhapa, jabaculê, japa, lambidela, lambuja, lambujem, maquia, mata-bicho, molhadela, molhadura, mota, potaba, saguate, xixica. Fica aqui uma sugestão para engrossar o significado do jabá, facilitando a vida do intérprete da sua Lei! Deputado Fernando Ferro, sua intenção com o Projeto foi ótima, mas não se pode esquecer que o inferno ta cheio de gente com boas intenções... FELIZ NATAL!

Conheça os produtos da Jurid