Chefe do STF ganha 79% mais que equivalente nos EUA

Fonte: Último Segundo

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Dados oficiais do governo norte-americano cruzados com os brasileiros mostram que o salário da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, é 79% maior do que o do seu par nos Estados Unidos, o chefe da Suprema Corte. A comparação foi feita pelo economista gaúcho Júlio Brunet, da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, a partir dos valores informados no site do U.S. Department of Labor - o Ministério do Trabalho dos EUA.

Em 2005, de acordo com as estatísticas americanas, o chefe da Suprema Corte recebeu uma remuneração anual de US$ 205,1 mil. No Brasil, o salário básico da ministra Ellen Gracie vale US$ 296,6 mil (ou R$ 326,6 mil convertidos pela paridade do poder do real em relação ao dólar). Com o aumento de 5% previsto para o próximo dia 1º de janeiro e a criação do jetom de R$ 5.865 pela participação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ellen passará a receber uma remuneração de US$ 367,5 mil (ou R$ 404,7 mil anuais) - sem contar outras vantagens, como auxílio-moradia e alimentação.

Comparando outros salários de juízes, o economista gaúcho encontrou a mesma discrepância entre Estados Unidos e Brasil. O juiz federal recém concursado no Brasil, por exemplo, vai ganhar R$ 20.953,17 mensais a partir de janeiro, o que equivale a US$ 253,7 mil anuais. Nos EUA, os juízes federais com jurisdição limitada recebem US$ 146,9 mil - ambos valores ajustados pelo poder de compra, de acordo com critério recomendado pelos organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Os números falam por si e mostram como os salários dos magistrados no Brasil estão muito acima dos seus pares americanos, afirma Brunet. "Há uma enorme concentração de renda no setor público, especialmente no Judiciário."

A paridade do poder de compra do real em relação ao dólar permite comparar valores expressos em diferentes moedas de acordo com o custo de vida de cada País. O custo de vida do Brasil, por exemplo, é cerca de duas vezes menor do que o americano, por essa metodologia. Ou seja, um dólar no Brasil compra duas vezes mais do que nos Estados Unidos, em média.

Per capita

Uma outra forma de verificar a discrepância salarial, segundo Brunet, é comparar o salário dos magistrados no Brasil e nos Estados Unidos com as respectivas rendas per capita dos dois países. Nessa comparação, os juízes americanos ganham apenas cinco vezes mais do que a renda média dos seus compatriotas, enquanto aqui essa diferença chega a 43 vezes.

A autonomia dos Poderes impede que o governo federal atue no sentido de reduzir as desigualdades. Nos últimos anos, o governo tem estado refém dos projetos enviados ao Congresso pelo Judiciário e o Ministério Público. Agora, por exemplo, os magistrados estão reivindicando um aumento de 5% nos vencimentos, o que elevaria o teto federal de R$ 24.500 para R$ 25.725. Além disso, o STF está propondo a criação de um jetom de R$ 5.865 mensais para os membros do tribunal que também participam do CNJ.

Palavras-chave: STF

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2 Comentários

Paulo Mac-Dowell Góes Filho engenheiro e advogado28/11/2006 12:44 Responder

Os profissionais que militam nos foruns já tinham percebido esta discrepância salarial em relação aos demais servidores brasileiros, além da intocabilidade desses profissionais lhes garantir toda impunidade administrativa, inclusive em relação às faltas ao trabalho. A Ministra Presidente do STF ao mesmo tempo em que reivindica aumento salarial para si e seus pares, suspende dezenas de mandados de segurança concedidos pelo TJ do Amazonas referentes à atualização de "quintos", sob o fundamento esdrúxulo de que o Estado não tem previsão orçamentária para fazer frente a essas despesas com o pagamento dos direitos dos funcionários impetrantes. Uma VERGONHA!!!! Dois pesos e duas medidas, uma vez que a própria ministra alega, na defesa do seu reajuste, para contornar a falta de previsão orçamentária nas contas do governo federal, que a evolução inflacionária é prefeitamente previsível e dentro das expectativas!! Uma graça! Senhora ministra, não pense que os demais brasileiros são imbecis.

Aléssio funcionário público08/12/2006 18:25 Responder

Me parece que grande parte da população do País quer que as pessoas com melhor formação jurídica advoguem a favor dos criminosos ao invés de ingressar no serviço público e defender os interesses do povo brasileiro. Para os que querem isso, me parece que seus sonhos logo serão realizados, pois a supressão de garantias e de salários dignos acabará com o interesse das futuras gerações pelas carreiras públicas, que serão seduzidas a advogar em troca do farto dinheiro dos crimes cometidos no País.

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