Bolsonaro já tinha ameaçado tirar diretor-geral da PF em 2019; relembre divergências do presidente com Moro

Presidente exonerou chefe da corporação nesta sexta-feira (24), contra a vontade do ministro da Justiça.

Fonte: G1

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Reprodução: Pixabay.com

A exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, expôs as divergências entre presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro. Moro foi surpreendido, não concordou com a demissão e convocou uma entrevista em que deve anunciar sua saída do governo.


Ao escolher Moro para o cargo, em 2018, Bolsonaro havia prometido carta-branca, de modo a não interferir no trabalho do ministro. Mas, desde então, os dois entraram em colisão sobre diversos temas. Relembre


28 de fevereiro de 2019 - Moro revoga nomeação para conselho após 'repercussão negativa' de apoiadores do presidente


Especialista em segurança pública, Ilona Szabó havia sido indicada pelo ministro para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. O ministério informou que a revogação foi provocada por "repercussão negativa em alguns segmentos" da sociedade. Como noticiou o jornal "O Globo", a nomeação de Ilona para o conselho, como suplente, fez com que Moro fosse criticado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.


16 de agosto de 2019 - Bolsonaro anuncia troca do superintendente da PF no Rio


Sem o conhecimento da cúpula da PF, Bolsonaro anunciou a troca do superintendente da PF no Rio; houve reação na cúpula da polícia. "O que eu fiquei sabendo: se ele resolveu mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu. Deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos. Mas quem manda sou eu", disse Bolsonaro na ocasião. Diante da reação negativa na Polícia Federal, com ameaça até de entrega de cargos, o presidente recuou momentaneamente. A troca, porém, foi efetivada em 28 de agosto.


19 de agosto de 2019 - Presidente transfere Coaf para o Banco Central


Bolsonaro transferiu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça, chefiado por Moro, para o Banco Central. De acordo com o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz, aliados de Bolsonaro vinham pressionando o presidente a demitir o chefe do Coaf, Roberto Leonel. Isso porque Leonel, indicado para o cargo pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, criticou uma decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal. Em julho, Toffoli suspendeu investigações baseadas em dados compartilhados pelo Coaf sem autorização judicial. A decisão foi tomada atendendo a um pedido dos advogados do senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o Coaf, foram encontradas movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, motorista de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando o senador era deputado estadual. Conforme o órgão, Queiroz movimentou de maneira atípica R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017.


22 de agosto de 2019 - Bolsonaro ameaça trocar diretor-geral da PF


Questionado sobre a possibilidade de troca do superintendente do Rio, Bolsonaro disse que poderia tirar Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da PF. "Ele pode, o Valeixo pode querer sair hoje, não depende da vontade dele. E outra: ele é subordinado a mim, não ao ministro, deixar bem claro isso aí. Eu é que indico, está na lei, o diretor-geral. Agora, uma onda terrível sobre superintendência, 11 foram trocados, ninguém falou nada. Quando eu sugiro um cara de um estado para ir para lá, 'está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar um superintendente, eu vou trocar o diretor-geral, não se discute isso aí", afirmou o presidente.


Recuo: em conversa com Moro, o presidente desistiu da iniciativa para evitar novos desgastes.


22 de janeiro de 2020: presidente fala em recriar Ministério da Segurança Pública


O presidente disse a secretários que estudaria a recriação do Ministério da Segurança Pública, o que, na prática, tiraria poderes de Moro.


Recuo: Dois dias depois, o presidente disse que descartou a recriação sob o argumento de que "em time que está ganhando, não se mexe".


Cronologia


01/11/2018: Moro aceita ser ministro e diz que espera implementar uma 'forte agenda anticorrupção' e de combate ao crime organizado;


01/11/2018: Bolsonaro diz que Moro pediu 'liberdade total' e que não vai interferir no trabalho do ministro;


04/12/2018: Bolsonaro diz que Moro tem "total liberdade" para escolher o primeiro, o segundo e o terceiro escalão do ministério.


29/11/2018: Bolsonaro diz que Moro terá 'carta branca' no ministério;


28/2/2019: Moro revoga nomeação de Ilona Szabó para conselho após 'repercussão negativa' e críticas de Bolsonaro;


16/8/2018: Bolsonaro anuncia a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro sem o conhecimento da cúpula da PF;


19/8/2019: Bolsonaro edita MP e transfere Coaf para o Banco Central;


22/8/2019: Bolsonaro diz que diretor-geral da PF é subordinado a ele, não a Moro;


22/8/2019: Aliados de Moro se dizem 'perplexos' com tom de Bolsonaro sobre o ministro;


23/8/2019: Delegados dizem que PF não deve ficar sujeita a 'declarações polêmicas' em meio a 'demonstrações de força';


22/1/2020: presidente fala a secretários da Segurança em recriar Ministério da Segurança Pública, o que, na prática, esvaziaria parte do poder de Moro;


24/1/2020: Na Índia, recua da iniciativa de recriar o ministério;


23/4/2020: Bolsonaro diz a Moro que pretende demitir o diretor-geral da Polícia Federal. Ministro resiste a aceitar demissão.

Palavras-chave: Divergências Jair Bolsonaro Sergio Moro Ministério da Justiça Exoneração Comando Polícia Federal

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