Apenas uma questão de direitos!

O sonho de muitos jovens advogadas e advogados tem se transformado num pequeno pesadelo quando chegam para conquistar o seu espaço no mercado de trabalho

Fonte: Rosana Chiavassa

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O sonho de muitos jovens advogadas e advogados, acalentado durante anos e anos nos bancos da faculdade, tem se transformado num pequeno pesadelo quando chegam para conquistar o seu espaço no mercado de trabalho. Este se encontra apertado, ameaçado e cada vez mais competitivo. A "luta" pelo emprego é sempre renhida.


Os que "vencem" e realizam o antigo sonho de exercer de fato a profissão que escolheram se deparam, não raro, com condições de trabalho que jamais imaginaram. Eles descobrem no dia-a-dia da lida que o "glamour" que envolve a profissão de advogado e que é ressaltado por revistas e filmes que retratam a vida no topo da pirâmide social é exclusivo de alguns poucos profissionais. A realidade nua e crua da maioria das advogadas e advogados brasileiros é de muito trabalho, baixa remuneração e quase nenhum direito ou benefício.


Não é raro advogadas e advogados questionarem o envolvimento da OAB nesse âmbito. Alguns profissionais a acusam de omissa, um pecado que muitos não perdoam e, por isso, a criticam abertamente e de forma até agressiva. Mas antes que todos subam até esse patamar, faz-se necessária profunda reflexão sobre a participação da entidade nesses casos que, tudo indica, até pelas questões que aborda, parecem mais pertinentes ao sindicato de nossa classe.


Vejamos: há, no mercado, uma parcela considerável de advogadas e advogados que está desempenhando a função rotineiramente em escritórios de "diferentes" portes, mas sem qualquer vínculo empregatício. Não bastasse alguns ainda carecem de benefícios que hoje são comuns em qualquer empresa. A questão, não se discute, é sensível é urge uma atenção especial dos representantes da classe. Porém, como resta claro, o tema é eminentemente trabalhista e, dessa maneira, mais voltado para o sindicato da categoria.


No entanto, cabe ressaltar, a OAB não pode simplesmente dar de ombros para esta questão gravíssima e virar as costas para os seus associados que, desesperados, buscam uma solução urgente. A entidade pode sim, respeitando os seus parâmetros legais e institucionais de atuação, fazer algo em prol dessa causa. Quem sabe usando de sua credibilidade perante a Opinião Pública no apoio a essa luta do Sindicato. Juntos e mais fortes, a possibilidade de uma resposta que atenda os anseios do grupo de advogadas e advogados que se encontra nessa situação aumenta de maneira considerável.


Não fosse tão distante do dia-a-dia das advogadas e advogados, o atual grupo gestor da OAB/SP, que há nove anos se agarrou no poder da entidade, poderia ter manifestado interesse pela causa e oferecido a sua contribuição, ainda que limitada por razões legais e institucionais. Este grupo, como já está provado e comprovado, não é de meter a mão em vespeiro e nem de avançar para o meio da arena e encarar uma "boa briga". Prefere se fingir de "cego, mudo e surdo" para sair incólume da história.


Este grupo já deu para as advogadas e advogados do Estado de São Paulo tudo aquilo que tinha para dar. Não se pode esperar mais nada, absolutamente nada desse grupo que se perpetuou no poder da OAB/SP. A classe há tempos percebeu e agora clama por mudanças. E elas virão em breve, logo após a eleição marcada para o final de novembro.

Palavras-chave: Direitos; Advocacia; Mercado de trabalho; Sonhos

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2 Comentários

Olivando Souza Advogado25/10/2012 12:29 Responder

Infelizmente Dra. Rosana esta situação não é uma exclusividade dos advogados paulistas. Aqui no Ceará infelizmente a situação é a mesma. A Ordem é extremamente omissa e os jovens advogados \\\"empregados\\\" sofrem nos escritórios de diversos portes como verdadeiros escravos. Com salário de fome e sem qualquer benefício.

Priscila Advogada08/11/2012 11:48 Responder

No Paraná, Jornal Gazeta do Povo, ofertas de emprego divulgadas no dia 28.10.12: i) Advogado, salário de R$ 1.200,00 com VT e VR, das 9.00hs às 18.48hs (1h de almoço), frise-se o horário, pois assim foi divulgado: 18:48hs!!! ii) Padeiro/Confeiteiro: inicial de R$ 2.200,00!!! Sem desmerecer este último profissional que certamente tem seus direitos assegurados pela CLT, mas não posso falar a mesma coisa da nossa classe. Já trabalhei como \\\"empregada\\\", detalhe, meu chefe nem era advogado, só descobri isto tardiamente, pois ele se passava como tal. Hoje, respondo processo ético por isso e a OAB nada fez pelo falso advogado que, apesar de denunciado, ficou intacto nessa... É assim nossa realidade, um descaso completo, sem dizer que ficamos a mercê de uma justiça MOROSA e nada funcional!!!

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