O GRANDE DESAFIO
O presente artigo discorre sobre as alterações no sistema previdenciário brasileiro.
O ano começa sob a perspectiva de alterações nas regras previdenciárias, o novo governo já anuncia que a mola mestra do crescimento econômico do País é a modificação do sistema previdenciário brasileiro e afirma a necessidade de promover adequações no sistema atual para, em seguida, promover uma reforma que altere significativamente o sistema.
O mercado financeiro já aguarda, ansiosamente, os novos contornos previdenciários que serão adotados pelo Brasil.
Motivos esses que não permitem outra conclusão, senão a de, em breve, teremos alterações no sistema previdenciário brasileiro.
Acontece que esse discurso traz uma série de incertezas, as quais começam a se dissipar com algumas falas das autoridades que sinalizam o que é buscado e dentro desse contexto já fica claro que será estabelecida uma idade mínima para as aposentadorias.
Nesse aspecto é preciso dizer que a mudança mais significativa atinge os trabalhadores da iniciativa privada, onde ainda é possível aposentar-se depois de 35 anos de contribuição se o segurado for homem e depois de 30 anos em se tratando de mulheres.
Já para os servidores públicos esse anúncio significa um aumento em uma das exigências para a aposentadoria por tempo de contribuição, requisito esse que foi introduzido ainda em 1.998.
Existem outras modificações que podem ocorrer e que serão debatidas à medida que forem surgindo.
Mas o importante é que esse novo modelo a ser proposto, independentemente de concordância ou não com o mesmo, venha acompanhado de medidas que permitam, principalmente, aos Estados e Municípios custear a chamada transição entre modelos.
Pois ao se analisar historicamente as mudanças ocorridas em 1.998 e 2.003 verifica-se que trouxeram modificações significativas e que implicavam em um novo sistema previdenciário, mas em momento algum promoveram medidas que pudessem auxiliar os Entes Federados na transição.
Resultado, a crise que assolou o País impediu que estes continuassem a promover a transição de modelos e, em alguns casos, ocorreu inclusive um recuo do modelo adotado.
Dessa forma, não é possível sequer afirmar que o resultado das medidas propostas no passado foi negativo ou positivo para a economia do País, já que se limitou apenas e tão somente à dificultar a concessão do benefício e postergar o crescimento da despesa previdenciária.
Além disso, é preciso destacar que a alteração pura e simples para a concessão de benefícios previdenciários ao servidor público está próxima a atingir o ponto de saturação em termos, à medida que a cada modificação as novas regras trazem mais dificuldade para a obtenção de aposentadorias e pensões e promovem a redução direta dos proventos a serem recebidos.
Sendo necessário lembrar aqui que o simplesmente questionamento dos valores recebidos à título de aposentadorias pelos servidores não pode ser feito sem considerar as peculiaridades do serviço público, onde uma série de direitos concedidos à iniciativa privada simplesmente não existem.
Sem contar o fato de que, diferentemente do que ocorre com os segurados do INSS, não há, para os servidores, alíquotas progressivas e limite máximo para o salário de contribuição.
Por isso que é preciso que as modificações a serem propostas contemplem também a gestão, de forma a permitir aos Entes Federados que passem pelo momento de transição, ainda que na crise sem comprometer suas finanças e os serviços públicos, assegurando a efetividade total da mudança.
Nunca é demais lembrar que a previdência é, antes de tudo, uma política social que tem por objetivo garantir aos segurados a sua subsistência no momento de dificuldades pessoais, sejam elas decorrentes da morte daquele que garantia o sustento da família, seja nas situações de incapacidade ou mesmo de idade avançada.
O que também deve ser observado nas mudanças.
Daí o grande desafio do novo governo ser o de conjugar a natureza social dos benefícios ofertados pela previdência com o anseio pelo crescimento econômico do País, tudo isso com medidas que permitam que a transição entre modelos não seja nefasta para as contas públicas dos Estados e Municípios.