Imbróglio da Petrobras
Por Gisele Leite
O
recente embate havido entre o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e
o Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em torno do comando da empresa
estatal, chegou a uma ebulição inusitada. Comenta-se abertamente da queda de
Prates, sendo que um dos nomes mais cotados para assumir o cargo é o do atual
Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Silveira é ex-senador pelo PSD
mineiro, mesmo partido do atual presidente do Senado Rodrigo Pacheco.
O
embate surgiu pela disputa de espaços de poder na Petrobras. Na divisão
acertada no atual governo, Silveira ficou responsável pelos nomes que compõem o
Conselho de Administração e, Prates ficaria com a direção executiva. Porém,
isso não fora o suficiente para apaziguar as disputas e a relação tem sido
desarmônica. Por quatro vezes, existiram embates: como o da paridade de
importação, pois o Ministro chamou o preço de paridade de importação, o que
envolve o PPI, a política de reajuste de preços implantada pelo governo de
Michel Temer. O ministro também afirmou que haveria espaço para uma redução no
diesel entre R$ 0,22 e R$ 0,25 por litro, caso fossem considerados os custos
reais da empresa mais rentabilidade, em um "preço de competitividade interna".
Outro
tópico é a política para gás natural que fora reiteradas vezes criticada por
Silveira, com intuito de aumentar sua pressão interna e facilitar a produção de
óleo. O Ministro chegou a mencionar que Prates estava sendo "no mínimo
negligente". Quanto a redução no preço dos combustíveis, Silveira cobrou
Prates, em uma entrevista à GloboNews, por uma redução mais expressiva no preço
dos combustíveis por causa da queda no preço internacional do petróleo.
"Eu já esperava uma manifestação para que a Petrobras tivesse apresentado
uma redução mais significativa dos preços. Hoje, no óleo diesel, vejo uma
possibilidade real de redução entre 32 a 42 centavos e, na gasolina, entre 10 e
12 centavos", afirmou Silveira. Prates voltou a rebater: "Jamais o
presidente Lula me pediu para baixar ou aumentar o preço de combustíveis. Volta
e meia ele (Lula) me liga para saber como está o mercado de petróleo, mas pedir
para baixar preço, nunca", disse, ao ser questionado a respeito das
declarações de Silveira.
Questão
nevrálgica é a distribuição de dividendos extraordinários pôs a Petrobras
anunciou a retenção dos dividendos extraordinários de mais de quarenta bilhões
de reais. O mercado esperava que esses dividendos fossem distribuídos, e isso
provocou uma crise que levou à perda de R$ 50 bilhões em valor de mercado da
estatal em apenas um dia. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração,
no qual o governo tem maioria. Mas Prates, que defendia uma solução alternativa
- reter metade dos dividendos e distribuir a outra metade -, se absteve de
votar. Silveira acusou Prates de ficar ao lado dos executivos da companhia, em
vez de se posicionar junto com o governo.
Enfim,
uma confusão política entre membros do governo federal gerou uma perda
milionária nas ações da Petrobras após a divulgação do balanço da empresa e da
decisão de reter dividendos extraordinários sobre os lucros de 2023. O atrito começou quando os ministros de Minas
e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, procuraram o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva para argumentar a favor da retenção dos
dividendos extraordinários.
Na
opinião destes, a Petrobras precisa ter mais dinheiro em caixa para realizar
investimentos. A Comissão de Valores Mobiliários abriu um procedimento
administrativo para investigar notícias, fatos relevantes e comunicados sobre a
Petrobras em 4.4.2024, um dia marcado por especulações sobre uma suposta troca
no comando da empresa. Conclui-se que o imbróglio que é substantivo de
origem italiana e significa confusão, embrulhada ou trapalhada.
A permanência de Prates é incerta e CEO ironiza nas redes sociais. Aliás, o desgaste de Prates entre os integrantes do atual governo federal é bem antigo e, uma das cruciais críticas em referência ao Presidente da estatal é que ele toma decisões sem consultar o setor, o Ministro Alexandre Silveira e o da Casa Civil, Rui Costa é responsável pela articulação e coordenação das atividades do Executivo federal. Enfim, Prates é acumulador de atritos que só se intensificaram nas derradeiras semanas.