Identificação funcional: professor e educador

Por Gisele Leite

Fonte: Gisele Leite

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Grosso modo, podemos identificar que o professor é pessoa que ensina ciência, arte, técnica e outros conhecimentos, sendo profissional que ministra aulas e demais exposições em todos os níveis educacionais. O educador ensina a questionar, a ter raciocínio lógico, senso crítico, propicia o diálogo capaz de construir o conhecimento e disseminá-lo.

Recorrendo a Paulo Freire que in litteris lecionou: "É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática". (In: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.).

Em verdade, o professor e educador laboram com diferentes abordagens. Ressaltando-se que a educação é tema de grande reflexão para a sociedade. Eis que é na educação que depositando fé e confiança para que nossos filhos e próximas gerações tenham efetivo futuro melhor. A figura atual do professor transcendeu-se e não são ais considerados apenas professores, e sim, educadores.

O professor tem a função de transmitir o seu conhecimento, enquanto o educador é comprometido com a formação integral da criança. Bem como com a sua interação com a família e a sociedade.   Ele sai de casa para mais um dia de aula, enquanto o educador busca formas de ajudar na transformação do seu aluno.

Normalmente, enxerga no erro do aluno apenas um erro enquanto o educador vê no erro de seu aluno uma fase de transição no processo do conhecimento.

O professor impõe seus ideais como centro do conhecimento, enquanto o educador é um mediador da relação ensino-aprendizagem. O que me faz recordar de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho tinha uma pedra.(...)”.

Nada impede ser professor e educador. Tomando-se atenção de que ser educador é mais abrangente e desafiador.

Em síntese, na transcendência da figura do professor para a figura do educador são necessários ingredientes como: humildade, discernimento, relacionamento, atitude e compromisso.

Ensinar é, sem dúvida, a mais bela e digna das tarefas humanas e a educação é a grande responsável pela renovação da sociedade, o que exige do professor profunda devoção ao seu trabalho. Aprender é indispensável á sobrevivência e assunção de ser sujeito de direitos e deveres.

Como orientador das riquezas do conhecimento das diversas culturas da humanidade, é indispensável que o educador tenha consciência da grandeza de sua profissão e atue como propulsor de ideias, conduzindo energias criativas como formador de princípios.

Eis a importância da escolha do método na articulação do conhecimento. Mas, qual é o melhor método?  O melhor método será aquele que despertar o interesse e tenha um fim valioso, realizado graças aos esforços de educandos e mestres.

A insatisfação com o sistema educacional é notória além de presente. A evasão escolar, crescente, está sujeita a manipulações políticas e ideológicas e também reflete o descaso governamental com a educação, pois corresponde ao celeiro em que uma nação que armazena seus valores e líderes. O educador é a pedra angular e principal agente de mudanças desse estado de coisas.

Ao lado de pais e responsáveis de alunos tornados parceiros, é capaz de operar uma verdadeira revolução no campo educacional. Criando um ambiente escolar acolhedor e criativo sempre atento aos talentos e dificuldades dos educandos, estimulará a determinação, o interesse e a alegria por aprender.

Há, portanto, uma ligação íntima entre o aprender e o ensinar. “Quem ensina aprende ao ensinar  e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p.25).

Neste sentido, educador e educandos se tornam sujeitos do processo, se educam em  comunhão e em participação. Desta forma, se pronuncia também Rubem Alves (2000), quando  afirma: "Mestre toma o discípulo pela mão e o leva até o alto da montanha. Atrás, na direção  do nascente, se veem vales, caminhos, florestas, riachos, planícies ermas, aldeias e cidades. Tudo brilha sob a luz clara do sol que acaba de surgir no horizonte. E o  mestre fala: 'Por todos estes caminhos já andamos. Ensinei-lhe aquilo que sei. Já não  há surpresas. Nestes cenários conhecidos moram os homens. Também eles foram  meus discípulos! Dei-lhes o meu saber e eles aprenderam as minhas lições.  Constroem casas, abrem estradas, plantam campos, geram filhos...Vivem a boa vida  cotidiana, com suas alegrias e tristezas"  (RUBEM ALVES, 1994, p. 91).

Enfim, o diálogo, como elemento fundamental no processo de conscientização, constrói-se a partir das  possibilidades de saída de um tipo de conhecimento para outro de nível mais elevado. Uma  relação em cadeia qualitativa e quantitativa. A tomada de consciência do processo que  podemos caracterizar como saber inicial.

Só assim o aprendente se torna cidadão, conhece e procura preservar a dignidade humana, reconhece nos afetos e fatos a importância da interação e da empatia e, principalmente, reconhece-se como sujeito e autor da sua própria história.

Referências

ALVES, Rubem. Conversas com que gosta de ensinar. 1.ed. São Paulo: Papirus, 2000.

DRUMMOND DE ANDRADE, C. No meio do caminho tinha uma pedra. Áudio e Vídeo. Disponível em: https://youtu.be/sO6TySzyygE Acesso em 15.3.2024.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: Identificação Funcional Professor Educador Ensino

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