A Vasp começou ontem a ressarcir alguns passageiros que não puderam embarcar devido ao cancelamento dos vôos da companhia, suspensos pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) na quarta-feira. Ontem, o diretor do DAC, Jorge Godinho, sinalizou que a Vasp não deverá ter a concessão renovada em abril, diante das dificuldades financeiras da empresa. Ao ouvir de jornalistas que a empresa, altamente endividada e com exigência de apresentar certidão negativa, não conseguirá se reestruturar a tempo para assinar o novo contrato ? ele respondeu:

? É uma dedução lógica.

Segundo uma regra criada ontem pela empresa, têm direito ao ressarcimento imediato os passageiros que compraram a passagem na quarta-feira. Os outros teriam de entrar na fila para o reembolso, que pode demorar até a 90 dias.

Em São Paulo, no começo da manhã de ontem, porém, alguns passageiros independentemente da forma e do dia da compra conseguiram reaver o dinheiro. No início da tarde, as lojas da Vasp já não tinham caixa para atender a todos os pedidos. Para hoje a empresa vai tentar priorizar os passageiros que estão fazendo conexão ou têm passagem de retorno.

? Quem pagou com dinheiro, vai receber em dinheiro. Quem pagou em cheque recebe em cheque e quem comprou com cartão vai ter o dinheiro devolvido pela operadora do cartão ? disse uma funcionária da central de atendimento.

No aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão) a reação dos passageiros foi de indignação ao saber que só terão o dinheiro gasto na compra das passagens em 30 a 40 dias. A empresária Elizabeth Rebello foi uma das pessoas que tentaram reembolso ontem. Ela chegou há dez dias ao Rio, vinda de Maceió, devido ao falecimento da mãe.

DAC: reembolso deve ser feito em até um mês

Ontem, chegou ao aeroporto Tom Jobim com as malas prontas na tentativa de ter o dinheiro da passagem de volta ? cerca de R$ 400 ? pago à vista. Mas tudo o que recebeu foi um documento informando que o reembolso será depositado em sua conta corrente no prazo de 40 dias.

? Há dias tento voltar para casa, em Maceió, sem sucesso ? reclamou Elizabeth, que disse que vai entrar na Justiça contra a Vasp.

Segundo o DAC, o valor deve ser devolvido em um mês a partir da data da solicitação. Apesar do cancelamento dos vôos e da greve dos pilotos iniciada à meia-noite de anteontem, os funcionários que trabalham em terra compareceram a seus postos nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas. Nos dois aeroportos, com exceção da funcionária destacada para atender os pedidos de reembolso, ninguém tinha o que fazer.

Até a noite de ontem, o site da empresa também continuava no ar, embora a possibilidade de comprar passagens online estivesse indisponível.

Com a paralisação da Vasp, as companhias aéreas já estão de olho nas rotas que pertenciam à empresa, mas não nas oito canceladas anteontem pelo DAC. A grande disputa, segundo Godinho, será na ponte-aérea Rio-São Paulo, considerado o filé da malha, com lucro garantido.