Estratégia que ganha força para coibir atos de vandalismo em protestos no Brasil, a federalização das investigações, com intervenção da Polícia Federal, não agrada ao secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Airton Michels. Segundo ele, cada Estado tem um contexto diferente e não é possível estabelecer uma generalidade. O foco, para o secretário, é melhorar a atuação policial para produzir provas contra quem comete crimes nas manifestações.

Para federalizar, é preciso fazer uma mudança legislativa muito grande. Nós temos uma legislação adequada, e mesmo que federalize, vai precisar de uma coisa chamada prova, que é essencial. O fato é que não podemos abrir mão da essência do Estado de Direito e só processar o cidadão, seja ele vândalo ou não, com a prova — afirma Michels.

Na quinta-feira, uma reunião em Brasília dos secretários de Segurança do Rio de Janeiro (José Mariano Beltrame) e São Paulo (Fernando Grella) com o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, deverá definir as principais medidas a serem tomadas.

— Não vejo necessidade de federalização, nós já temos um arcabouço penal que prevê crime de dano, se provada a formação de quadrilha. Não há motivos para uma precipitação que poderia alterar princípios essenciais de resguardo do cidadão e da cidadania. Eu não falo em resguardar vândalo, ele tem que ser investigado, condenado e, se for o caso, preso — ressaltou o secretário.

A decisão de reunir os secretários em Brasília foi tomada depois que o protesto contra a morte de um adolescente durante abordagem da Polícia Militar levou pânico a bairros da zona norte de São Paulo na última segunda-feira, com veículos incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados e a interdição por pelo menos quatro horas da Fernão Dias, principal ligação rodoviária do Estado com Minas Gerais.