Se a Câmara não reverter a decisão do Senado de elevar o salário mínimo de para R$ 300 para R$ 384,29, o presidente Lula vetará o aumento, disse hoje o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ressaltando que ainda não conversou com o presidente. O ministro do Planejamento disse que a decisão do Senado não foi baseada em critério técnico e refletiu a disputa política no Congresso.

O ministro disse que o governo vai conversar com as lideranças na Câmara e com o presidente da Casa, Severino Cavalcanti, para explicar que a medida não tem sustentação fiscal e que o governo federal não tem como bancar o aumento das receitas, além de alertar que as prefeituras também sofrerão impacto negativo. "O aperto fiscal é muito grande", disse. Segundo ele, a estimativa da secretária de orçamento do ministério é de que o déficit da Previdência chegaria a R$ 50 bilhões este ano, se for mantido esse novo valor do mínimo. A previsão atual é de um déficit de R$ 37 bilhões.

O ministro acha que o valor de R$ 384 é tão alto que nem o trabalhador acredita que possa ser mantido. "Se tivessem aprovado um aumento para R$ 310 ou R$ 320, poderia ter um impacto grande, mas as pessoas poderiam achar factível. Mas R$ 384, falando politicamente, eu acho até uma falta de respeito", disse. "O resultado é tão estratosférico que ninguém pode achar que é viável".

O ministro do Planejamento disse que a proposta orçamentária para 2006, que terá que chegar ao Congresso até o próximo dia 31, vai prever um reajuste do salário mínimo de R$ 300 para R$ 321.