Penas do juiz Moro são 'brandas para a gravidade dos fatos', diz procurador Dallagnol

Coordenador da Lava Jato no Ministério Público Federal diz que operação está de 'vento em popa', e investigações apontam corrupção em órgãos públicos estaduais e municipais.

Fonte: G1

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O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, afirmou nesta quinta-feira (20) em Fortaleza que as penas aplicadas pelo juiz Sérgio Moro são "brandas" e que vai recorrer da condenação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 9 anos e meio de prisão.


"O Ministério Público Federal pede a adequação da sentença que condenou o ex-presidente Lula e outras pessoas que foram condenados com ele. Os pontos que nós recorreremos estão em análise, estão em estudo. Mas entre eles seguramente estará a ampliação das penas. O que nós vimos em vários casos é que o Tribunal tem sistematicamente ampliado as penas aplicadas pelo juiz Sérgio Moro. As penas do juiz Sérgio Moro têm sido brandas para a gravidade dos fatos que estão sobre consideração."


Na maioria dos casos, os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no Rio Grande do Sul, aumentaram ou mantiveram as penas estabelecidas por Sérgio Moro em Curitiba.


Entre setembro de 2015 e junho de 2017, o TRF-4 avaliou 48 condenações ou absolvições de réus da Lava Jato. Dessas, 40 são condenações. Em 16 casos houve aumento das penas; as condenações foram mantidas em 10 casos; a pena foi revista para menor em 9 casos; e outras cinco penas viraram absolvição.


Deltan Dallagnol visita Fortaleza para uma palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que promove o programa "Ideias em debate".


Lava Jato 'de vento em popa'


O procurador se diz "preocupado" com casos de corrupção além da Petrobras, estatal que foi alvo das investigações iniciais da operação Lava Jato. "Conforme as investigações avançam, se percebe esse mesmo esquema de corrupção nos órgãos públicos, não só nos federais, mas nos estaduais e municipais. Por isso a Lava Jato continua avançando sim, de vento em popa. A nossa expectativa é que possamos levar a condenação de todas as pessoas que têm provas contra ela", afirmou.


O procurador rebateu ainda várias críticas que são feitas à operação Lava Jato, como a de que há prisões em excesso, prisões preventivas para obter delações e de que os membros que compõem a força-tarefa são "garotos". "Pra mim, é um elogio. Estou na idade de que ser chamado de garoto é um elogio. Mas nós temos uma equipe bastante experiente, com experiência em outras operações contra corrupção antes da Lava Jato."


Pressão política contra a operação


Dallagnol afirmou que a sociedade precisa "tomar posição firme" contra pressões políticas no sentido de retirar forças da força-tarefa. "Eles atuam basicamente de três formas: sufocando o trabalho da Polícia Federal, tentaram isso com o projeto de 'abuso de autoridade'. Também tentam acabar com os nossos recursos de investigação, que é a delação premiada. O terceiro ataque, o mais descarado, é a tentativa de anistiar quem já cometeu crime."


"A sociedade precisar tomar posição firme para que não aconteça com a Lava Jato o que aconteceu com a Mãos Limpas [operação contra corrupção na Itália na década de 1990]. Lá eles chegaram a criar leis para evitar prisão de corruptos, o que é um absurdo. Nós atuamos com a lei e estamos lidando com pessoas que podem mudar a lei", finalizou.


Para Dallagnol, a redução do número de operações no primeiro semestre deste ano, seis frentes da Lava Jato, foi uma consequência de "sufocamento". "Isso certamente decorre do sufocamento das atividades da Polícia Federal na operação. Nas últimas seis operações da Lava Jato, cinco foram pedidas pelo Ministério Público Federal e só uma pela Polícia Federal. Se a Polícia Federal tivesse mantido a capacidade de trabalho, certamente eles teriam produzido tantas fases quanto o MP."

Palavras-chave: Operação Lava Jato CPI da Petrobras Corrupção "Penas Brandas" Força-Tarefa

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