'Operação Lava Jato é exceção e confirma regra da impunidade', afirma procurador Dallagnol

"Algumas pessoas dizem que a Lava Jato mostra que não é preciso mudar as leis. Não, a Lava Jato é a exceção que confirma a regra da impunidade, a regra no nosso país é a impunidade", disse, durante participação em comissão na Câmara que discute medidas contra a corrupção.

Fonte: Folha de S.Paulo

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A Operação Lava Jato "é a exceção que confirma a regra da impunidade" do país, afirmou nesta terça (9) o procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.


"Algumas pessoas dizem que a Lava Jato mostra que não é preciso mudar as leis. Não, a Lava Jato é a exceção que confirma a regra da impunidade, a regra no nosso país é a impunidade", disse, durante participação em comissão na Câmara que discute medidas contra a corrupção.


A "máquina trituradora do sistema" faz com que ocorra impunidade em 97% dos casos de corrupção, afirmou Dallagnol, citando um estudo da FGV. "A punição é uma piada."


Falando a um grupo de deputados, o procurador mencionou a impunidade de parlamentares na investigação dos Anões do Orçamento, há mais de 20 anos.


"Nenhum parlamentar foi punido. Depois de 21 anos, um assessor parlamentar foi punido, que era o delator do esquema. Que país é esse que o delator é o único que vai para a cadeia por corrupção?"


Dallagnol disse confiar que os deputados mudariam a legislação atual para enfrentar o crime e fez uma comparação: "Hoje a senhorinha que mantém um papagaio na gaiola é punida; agora o corrupto que desvia milhões vai acabar impune, porque luta contra o sistema, que tem uma série de brechas. Isso, sim, é papagaiada".


Ele citou a Operação Castelo de Areia, e disse que ela poderia ter se tornado a Lava Jato, "podia ter impedido o desvio de bilhões de reais (...) existia já ampla prova indicando corrupção de funcionários públicos, corrupção de empresa".


AGORA OU NUNCA


O procurador repetiu que "mudança de governo não é caminho andado nenhum contra a corrupção". "Não é um problema de um partido A ou B", disse, defendendo mudanças na legislação para o combate efetivo da corrupção, "um mal que nos acompanha há séculos".


"Será que não estamos num 'turning point'?", questionou o procurador, que alertou alertou para o risco de que, após a Lava Jato, se torne ainda mais difícil a investigação e a punição à corrupção. Na Itália, disse, houve retrocesso após a operação "Mãos Limpas".


"Estamos num momento de inflexão, como está não fica. Ou vai melhorar ou vai piorar", disse.


COMEÇO


O procurador Diogo Castor, também integrante da Lava Jato, afirmou que ainda há muito a ser investigado no âmbito da operação, que talvez ainda não tenha chegado "a um quinto do que tem de potencial para avançar".


"Acreditamos que é uma chance única de conferir o mínimo de efetividade ao sistema de Justiça criminal", disse.


Assim como Dallagnol, Castor alertou para uma série de propostas, no Congresso, que possam vir a facilitar a impunidade e os crimes de corrupção. "Fora da Lava Jato continua tudo como está." 

Palavras-chave: CPI da Petrobras Operação Lava Jato Corrupção Regra da Impunidade

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