Operação Fundo Perdido: empresário lavava dinheiro na conta das filhas

Relatório da Operação Fundo Perdido, sobre fraudes em fundos de previdências municipais, atribui crime de quadrilha a gestor da Plena Consultoria

Fonte: Estado de S. Paulo

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A Polícia Federal suspeita que o empresário Celso Steremberg, alvo da Operação Fundo Perdido, usava contas bancárias das próprias filhas – uma delas universitária de 21 anos –, para lavar dinheiro. A informação consta de relatório da PF sobre suposta organização criminosa para fraudes com recursos de fundos de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) de 107 municípios.


Steremberg é o controlador da Plena Consultoria e Investimentos, apontada pela PF como núcleo central de fraudes com dinheiro dos fundos de previdência de servidores públicos. A PF estima em R$ 30 milhões o volume de fraudes. Celso Steremberg e mais 29 investigados – entre pessoas físicas e jurídicas – estão com os bens bloqueados por ordem da Justiça Federal.


A Fundo Perdido foi deflagrada em março. Auditoria do Ministério da Previdência Social indica que a inserção da Plena nos municípios “dá-se de forma fraudulenta, mediante fraudes à licitação, tendo em vista que os valores que cobrava, em média R$ 600, eram irrisórios ante à responsabilidade que assumiam, eis que os recursos dos Regimes Próprios de Previdência Social cuja alocação em fundos auxiliava possuíam significativo montante”.


A PF monitorou os investigados durante meses. A interceptação telefônica e de e-mails foi executada em 7 fases. Os agentes seguiram os alvos da Fundo Perdido e deles fizeram imagens, como de Steremberg (veja fotos do empresário que a PF incluiu em relatório de inteligência).


“Vislumbra-se de forma clara a formação de uma grande quadrilha em torno da estrutura empresarial da Plena, organizada profissionalmente para o cometimento de crimes de fraudes à licitação, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro”, assinala a PF.


No curso da investigação, a PF identificou uma funcionária fantasma da Assembleia Legislativa de São Paulo que integrava os quadros da Plena. O rastreamento mostra que entre 2008 e 2013 ela realizou 26 viagens internacionais, para os Estados Unidos (Dallas, Miami e Nova York), Madri, Paris e Buenos Aires. A investigada ocupa cargo de confiança no gabinete de um deputado.


No organograma da organização, a PF coloca em destaque a família Steremberg – Celso, a mulher e duas filhas. “Celso é um dos principais investigados em razão de sua posição de destaque na organização criminosa”, afirma a PF, à página 70 do relatório, ilustrada com fotos da família Steremberg. “Sua família tem papel de relevo uma vez que é através de suas filhas que ele lava parte do dinheiro ilícito ganho com as atividades da Plena.”


A PF interceptou e-mail de 1.º de novembro de 2013, às 13h4, enviado por uma filha de Steremberg para uma amiga em que ela diz que foram gastos R$ 100 mil em despesas com a mudança de casa, no Itaim.


“Uma das formas de ocultar a origem ilícita de seus ganhos é a utilização de contas correntes de interpostas pessoas, dentre elas destaca-se (a filha de Steremberg)”, sustenta a PF. Um dos alvos da PF é o PauliPrev, Instituto de Previdência dos Funcionários Públicos do Município de Paulínia (SP), que contratou a Plena.


A PF suspeita de licitação fraudada


Relatório de Inteligência da PF aponta que Steremberg “manteve contato constante com todos os que participaram do certame”. A interceptação telefônica mostra que o empresário conversou “diversas vezes” com o diretor presidente da PauliPrev, Mário Lacerda Souza, “seja por telefone ou pessoalmente”.

Palavras-chave: direito penal operação fundo perdido crime de lavagem de dinheiro

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