ONU critica Vaticano por permitir abusos a crianças e exige que Igreja remova pedófilos

Santa Sé promete transparência, mas acusa comitê das Nações Unidas de interferir em doutrinas da instituição

Fonte: Último Segundo

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O Comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos das Crianças exigiu nesta quarta-feira (5) que o Vaticano “expulse imediatamente” todos os sacerdotes suspeitos de ter abusado sexualmente de menores, além de ter criticado a instituição por nunca ter reconhecido a “amplitude dos crimes” e de ter concedido impunidade aos envolvidos.


Em resposta, um porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, declarou também nesta quarta, durante a Conferência Episcopal Espanhola, que o Vaticano enfrenta os casos de abusos com "exigência de transparência". Negando as acusações de encobrimento, Lombardi afirmou que nos próximos "dias ou semanas" explicará o funcionamento da comissão criada para estabelecer regras claras para proteger as crianças e prevenir os abusos.


O Vaticano também prometeu que estudará minuciosamente as críticas publicadas no relatório, mas denunciou que "em alguns pontos" há uma "tentativa de interferir nas doutrinas da Igreja".


No relatório, o comitê também critica a falta de atitude do Vaticano, que não tomou "as medidas necessárias" para solucionar os casos e proteger os menores, permitindo que a prática se estendesse ao longo dos anos. De acordo com o órgão da ONU, a Igreja também deve entregar seus arquivos sobre os abusos, para que os culpados, bem como "os que ocultam seus crimes", possam ser responsabilizados. “O Comitê está seriamente preocupado que a Santa Sé ainda não reconheceu a extensão dos crimes cometidos. A comissão criada pelo papa Francisco em dezembro deve investigar todos os casos de abuso sexual de crianças.”


Em vez disso, a Igreja optou pela transferência "de uma paróquia a outra, ou para outros países, de abusadores de crianças bem conhecidos, em uma tentativa de encobrir seus crimes", segundo revelam documentos de diversas comissões nacionais de investigação. "A mobilidade dos responsáveis, que permitiu a muitos sacerdotes se manter em contato com crianças e continuar abusando deles, segue colocando crianças em alto risco de abuso sexual em muitos países".


Segundo os analistas do comitê, houve "dezenas de milhares de casos" de abusos sexuais contra crianças por parte de membros das igrejas católicas e a Santa Sé muitas vezes rejeitou cooperar com as autoridades judiciais e comissões de investigação. Sobre a quantidade exata de abusos cometidos, a presidente do comitê, Kirsten Sandberg, disse à Efe que a informação utilizada "provém de várias fontes, mas ninguém pôs todos (os dados) juntos para ter um número concreto”. No entanto, o Vaticano tampouco colaborou para oferecer uma quantia mais precisa dos casos – o que deveria ter sido feito.


Entenda o caso


O relatório foi apresentado quase duas semanas após o comparecimento de autoridades da alta hierarquia do Vaticano perante o comitê. No dia 16 de janeiro, a ONU havia cobrado ações efetivas da Santa Sé contra casos de pedofilia na Igreja. Representantes do clero estiveram frente a membros das Nações Unidas e admitiram que houve registros de abusos em "todas as profissões, inclusive entre membros do clero". Na época, o Vaticano negou que tenha atrapalhado investigações dos casos de pedofilia. "Esta denúncia me parece um pouco privada de fundamento", afirmou o chefe da delegação da Santa Sé, monsenhor Silvano Tomasi.


Na ocasião, o papa Francisco afirmou que a Igreja Católica precisa assumir sua "vergonha" diante dos casos. "Mas, nos envergonhamos? Tantos escândalos que eu não quero mencionar isoladamente, mas que todos sabemos quais. Escândalos, nos quais alguns tiveram que pagar caro (...) a vergonha da Igreja!", exclamou o pontifície argentino, durante a tradicional missa matutina realizada em sua residência há duas semanas. Para ele, os responsáveis "não tinham uma relação com Deus. Tinham uma posição na Igreja, uma posição de poder, e também de comodidade, mas não a palavra de Deus”, termina.

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