Ministro Celso de Mello anula condenação que obrigou jornalista a indenizar presidente da CBF

Para o ministro, Juca Kfouri apenas exerceu o seu direito à liberdade de expressão.

Fonte: STF

Comentários: (1)




O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, reformou decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que obrigou o jornalista Juca Kfouri a indenizar em R$ 50 mil o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, por conta de matéria jornalística considerada ofensiva pelo dirigente. Para o ministro, Juca Kfouri apenas exerceu o seu direito à liberdade de expressão.

Teixeira ajuizou ação indenizatória contra o jornalista em virtude de matéria publicada na revista ?Lance?, edição de dezembro de 1999, em que Juca Kfouri teria criticado a entrevista concedida por Teixeira a um jornalista da revista Playboy. Segundo Kfouri, o presidente da CBF teria respondido às perguntas ?sem nenhuma preocupação com a ética ou com a verdade?. E disse acreditar que o salário de Teixeira como dirigente da CBF, de aproximadamente R$ 17 mil, seria pouco.

Ao analisar o recurso - um Agravo de Instrumento (AI) 505595 ajuizado por Kfouri contra a decisão do TJ-RJ que o condenou ao pagamento da indenização ? o ministro Celso de Mello explicou que no caso o jornalista exerceu, de forma concreta, o exercício da liberdade de expressão e de crítica.

?Reconheço que o conteúdo da matéria jornalística que motivou a condenação do recorrente [Juca Kfouri] ao dever de pagar indenização civil, por danos morais, ao ora recorrido [Ricardo Teixeira], longe de evidenciar prática ilícita contra a honra subjetiva do suposto ofendido, traduz, na realidade, o exercício concreto, por esse profissional da imprensa, da liberdade de expressão, cujo fundamento reside no próprio texto da Constituição da República, que assegura, ao jornalista, o direito de expender crítica, ainda que desfavorável e mesmo que em tom contundente, contra quaisquer pessoas ou autoridades?, disse Celso de Mello.

Para ele, a crítica jornalística, quando inspirada pelo interesse público, ainda mais quando dirigida a figuras públicas com alto grau de responsabilidade na condução dos interesses de certos grupos da coletividade, ?não traduz nem se reduz, em sua expressão concreta, à dimensão do abuso da liberdade de imprensa, não se revelando suscetível, por isso mesmo, em situações de caráter ordinário, de sofrer qualquer repressão estatal ou de se expor a qualquer reação hostil do ordenamento positivo?, concluiu o ministro.

Celso de Mello deu provimento ao recurso, para julgar improcedente a ação indenizatória ajuizada pelo presidente da CBF. O ministro determinou, ainda, que seja devolvido ao jornalista o valor de sua condenação, depositado em juízo na 8ª Vara Cível do Rio de Janeiro, equivalente a R$ 50 mil mais correção monetária desde 2002.

Processo relacionado
AI 505595

Palavras-chave: jornalista

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/ministro-celso-mello-anula-condenacao-que-obrigou-jornalista-indenizar-presidente-cbf

1 Comentários

Antonio de Assis Nogueira Júnior Funcionário Público Federal15/11/2009 11:40 Responder

São Paulo, 15 de novembro de 2009. Senhor Diretor: O Ministro Celso de Mello acertou! Fez Justiça. Não se intimidou pelo poderosissimo Ricardo Teixeira (Ele é dono da CBF há décadas! Aliás, é possível juridicamente ser "proprietário da CBF e de outros Entes assemelhados do Futebol?). O Tribunal carioca, anda muito medroso e assaz melindroso, evitando punir os poderosos "donos" vitalícios do nosso futebol. Não tenha medo não! A principal missão do Jornalista é o dever de informar e o irrenunciável direito de expender crítica seja ou não favorável. Parabéns pela justa vitória Senhor Jornalista Juca Kfouri, onde também imperou o bom senso do Excelentíssimo Ministro Celso de Mello. Magistrado quando esquece do bom senso é revelador de que chegou o esperado momento que deve vestir o pijama (É o momento sagrado de voltar aos familiares e aqueles que são profundamente religiosos e dogmáticos para Deus).A Magistratura agradece. Respeitosamente, Antonio de Assis Nogueira Júnior Analista Judiciário do E. Tribunal Regional do Trabalho da 2a. Região - São Paulo E-mail:antoniodeassisn@ig.com.br

Conheça os produtos da Jurid