Mesmo com oposição da OAB, governo defende escuta nos quatro presídios federais

Comando Vermelho teria encomendado fuzis de dentro da penitenciária federal

Fonte: Folha Online

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O diretor do Sistema Penitenciário Federal, delegado Sandro Torres Avelar, e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, defenderam nesta quinta-feira, em Catanduvas (PR), a realização de escutas nos quatro presídios federais.


Para eles, os presos do sistema devem ter um tratamento diferenciado em relação aos demais. A justificativa é que esses detentos são de alta periculosidade.


Assim, dizem Avelar e Favetti, deve ser permitido nas penitenciárias federais o monitoramento ambiental --como são chamadas tecnicamente as escutas de conversas com advogados e familiares no presídio federal de Catanduvas.


Avelar defende uma discussão, com participação da sociedade, para mudar a Lei de Execuções Penais e possibilitar as escutas em presídios federais.


O monitoramento ambiental em Catanduvas é feito hoje por decisão judicial de um colegiado de juízes federais criminais de Curitiba, que fazem a correição do presídio. Na próxima terça-feira, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) julga representação da OAB- PR pedindo a suspensão da escuta.


"De um universo de 500 mil presos, 500 estão no sistema federal [e eles são] líderes de facção. Não podem receber o mesmo tratamento dos presos comuns", disse.


Por isso, ele diz que o modelo de escuta feito no presídio de Catanduvas deve ser estendido para as outras três penitenciárias federais no país (Mossoró, Campo Grande e Porto Velho). "É o controle efetivo dos presos, para impedir que passem mensagens por parentes ou mesmo advogados", afirma.


Favetti disse ser "estratégico" que se avance no combate ao crime organizado. Segundo ele, a aplicação do monitoramento, no entanto, depende de mudanças na lei de execuções penais, a cargo do Congresso Nacional.


TROCA DE COMANDO


A defesa do monitoramento ambiental foi feita hoje em Catanduvas, durante cerimônia de posse do novo diretor do presídio federal, o delegado da PF Rogério Sales, que defendeu uma "adequação normativa" para esse monitoramento.


Sales disse que irá fazer uma classificação rigorosa para a inclusão de presos na penitenciária, para receber no presídio apenas presos de segurança máxima.

 

OAB CONTRA


O secretário- geral da OAB no Paraná, Juliano Breda, criticou ontem a escuta. "Nossa representação junto ao CNJ para suspensão do monitoramento é fundamentada na inconstitucionalidade [desse recurso]", disse.


Segundo ela, o juiz federal substituto Flávio Cruz, votou contra a decisão de monitoramento ambiental em Catanduvas, na decisão do colegiado de juízes que aprovou a escuta no PR.


Breda questiona ainda o fato de o monitoramento em Catanduvas ser feito com relação a familiares de presos e advogados, "mas não quando o preso fala com um procurador, um juiz ou mesmo um defensor público".

 

Palavras-chave: Escuta; Presídio; Comando Vermelho; Crime Organizado; Combate

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3 Comentários

LAURO FARIA MATOS JUNIOR Delegado Geral de Policia11/12/2010 3:19 Responder

Quem é contra a medida é a favor do banditismo e pronto. Não há o que ser questionado.

LIGIA ADVOGADA13/12/2010 12:22 Responder

Apesar de ser advogada, sou a favor da escuta, pois a inconstitucionalidade da lei nao pode ser superior a segurança de todo País. Centenas de pessoas ja morreram por causa destes bandidos de auto periculosidade. A segurança da coletividade tem que estar acima do direito de um indivíduo.

wilson coelho Auditor Fiscal13/12/2010 14:16 Responder

O problema da escuta está entre a finalidade proposta e a finalidade efetiva. Se advogados se utilizam dessas conversas para ganhar dinheiro fácil, por que não agentes que delas tiverem conhecimento?

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