Médicos denunciam maternidade do ES com grávidas em leitos no chão

Médicos denunciam que gestantes, mães e recém-nascidos correm risco de infecção e até morte pela estrutura precária de atendimento

Fonte: G1

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Médicos denunciam que gestantes, mães e recém-nascidos correm risco de infecção e até morte pela estrutura precária de atendimento na Maternidade de Carapina, na Serra, município da Grande Vitória. Fotos enviadas pelo Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) ao G1 mostram gestantes recebendo atendimento no chão, berços remendados com esparadrapo e prontuários para os leitos do corredor, que já se tornaram fixos. O secretário de Saúde da Serra, Luiz Carlos Reblin, admitiu que a estrutura da maternidade não é a ideal, mas, segundo ele, já melhorou muito. Ele afirma que a construção de uma nova maternidade, nos próximos anos, vai solucionar os problemas.


O presidente do sindicato, Otto Bapstista, conta que a situação vem se arrastando há um ano e está cada vez pior. "Fizemos vistorias e a situação é caótica. Os corredores viraram enfermarias, com prontuários fixos para os 'leitos'. Gestantes em trabalho de parto são internadas nos corredores, vão para a sala de parto dar a luz e retornam ao corredor, com o bebê, porque não há berços suficientes. Correndo risco de deixar o bebê cair no chão ou de cochilar por cima da criança. Sem contar a exposição, o constrangimento e o risco de infecção, por ficarem no meio da passagem das pessoas", diz.


A maternidade foi adaptada em um prédio de três andares. O local onde as pacientes recebem atendimento inicial fica na porta e apenas um biombo garante a privacidade. As enfermarias ficam no segundo andar e, muitas vezes, as gestantes precisam subir de escada. "O elevador é daqueles de construção civil, as pacientes, na maca, precisam ficar apertando o botão para ele subir ou descer. Isso quando ele funciona, porque vive quebrado", relata um dos médicos que trabalha no local.


As enfermarias são interligadas e só existe um banheiro para 19 leitos. "Os leitos são colados uns nos outros, o que aumenta as chances de infecção. E o certo é haver um banheiro para cada três leitos, mas aqui todos os pacientes dividem o mesmo banheiro. Só existe um expurgo - a sala onde é feita a limpeza do material do hospital - para os três andares. Ou seja: todas as bactérias se misturam. O certo era ter um expurgo por andar", afirma o presidente do Simes.


Quando os leitos dos corredores ficam ocupados e não se consegue transferir pacientes para os outros hospitais da Grande Vitória, as gestantes são atendidas no chão. "Não é um caso isolado, é uma cena comum. Os médicos precisam se ajoelhar para examinar as pacientes. Mulheres ficam no chão, evoluindo em trabalho de parto", afirma um médico.


O secretário de Saúde da Serra nega que seja rotina o atendimento em corredores e no chão. "Tem dia que a maternidade recebe poucas gestantes e o atendimento é tranquilo, mas tem dia que chega mais gente. Gestantes que vêm de outros estados, inclusive. Vamos mandar de volta? O corredor suporta uma ou duas pacientes, até que haja alta de novo. Não é rotina. Não queremos isso, tentamos transferir a paciente para evitar desconforto", explica.


Sobre a estrutura da maternidade, ele reconhece que precisa melhorar. "A cobrança é justa, também quero corrigir esses problemas Quando cheguei nessa secretaria e vi as condições em que os médicos estavam trabalhando, fiquei comovido. Transferimos a maternidade para um espaço que ainda não é o ideal, mas em relação ao que era antes, é muito melhor. Estamos à disposição para ouvir os profissionais e corrigir o que for possível. Só questiono por que as reclamações não foram feitas de início, mas somente agora, durante esse momento difícil de greve, onde tudo se complica mais", diz.


O secretário afirma que o município atualmente não tem condições de fazer todos os partos das gestantes da Serra, tanto que 60% delas são encaminhadas para Vitória ou para Cariacica. "Isso já está pactuado, porque não conseguimos fazer 100% dos partos aqui. No ano passado foram 7,5 mil grávidas na Serra. Apenas 40% delas fizeram o parto no município", diz. Mas reforça que os partos de risco são encaminhados para o Hospital Jaime dos Santos Neves, no próprio município, e que a Maternidade de carapina só recebe os partos habituais, ou seja, aqueles em que as gestantes estão bem.


A solução, segundo Luiz Carlos Reblin, virá a médio prazo, com a construção de uma nova maternidade na Serra. "Vamos construir uma nova maternidade, com mais 60 leitos para mulheres e capacidade plena de atender a toda a demanda de gestantes do município. A obra já está licitada, em breve vamos assinar a ordem de serviço. Para inaugurar, leva algum tempo. Uma obra desse porte demora cerca de dois anos", promete.

Palavras-chave: direito público denúncia direitos humanos

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