Magistrada alerta para judicialização excessiva de casos envolvendo adolescentes
Levantamento feito no Projeto Justiça Instantânea (JIN) revela um crescimento de quase 40% no número de processos por atos infracionais abertos contra adolescentes, nos últimos três anos. Em Porto Alegre, em 2005, 6.116 jovens foram encaminhados ao Juizado da Infância e da Juventude, no Centro de Atendimento Integrado, onde funciona o JIN.
Para a Juíza Vera Lúcia Deboni, o número é considerado elevado, porque boa parte dos casos poderia ser resolvida fora do sistema judicial. ?Atos como brigas, antes não eram criminalizados e a solução era encontrada na própria escola?, comenta. ?A crescente diferença revela o encaminhamento à Justiça de casos que deveriam ser solucionados por meios que não trouxessem aos adolescentes o estigma de ser registrado na Polícia e na Justiça.?
As situações graves, como roubo com uso de arma, homicídios, latrocínios e furtos reiterados, somaram 408 casos, o que corresponde a 6,6% do total.
Segundo a magistrada, os dados começaram ter maior proporção quando o Centro foi criado. O Projeto teve início em 1996, integrando os órgãos policiais, a rede de atendimento social e o Juizado, e funcionava em precárias instalações cedidas no prédio da antiga Febem. Naquele ano, foram registrados 1.919 casos. Nos anos seguintes, verificou-se um crescimento anual gradativo. Em 2004, quando o atendimento começou a ser feito na nova estrutura, o aumento chegou a 74% (confira dados abaixo).
?Passamos a ter um corpo técnico para atender os jovens infratores e o aumento da demanda muito se deve a isso?, destacou a Juíza Vera Deboni.
A magistrada, que atende na JIN desde 2000, destaca ainda o elevado número de adolescentes encaminhados por terem cometido atos infracionais nas escolas. Enfatiza que o papel do Judiciário não é o de educador. ?Ele aparece quando a família, escola, a sociedade falharam.
A intervenção judicial deve ser a última instância, sob pena de começarmos a achar que o Judiciário é a panacéia e a solução para tudo, quando sabemos que, de fato, não é?, conclui.
(Maria Helena Gozzer Benjamin)
Para a Juíza Vera Lúcia Deboni, o número é considerado elevado, porque boa parte dos casos poderia ser resolvida fora do sistema judicial. ?Atos como brigas, antes não eram criminalizados e a solução era encontrada na própria escola?, comenta. ?A crescente diferença revela o encaminhamento à Justiça de casos que deveriam ser solucionados por meios que não trouxessem aos adolescentes o estigma de ser registrado na Polícia e na Justiça.?
As situações graves, como roubo com uso de arma, homicídios, latrocínios e furtos reiterados, somaram 408 casos, o que corresponde a 6,6% do total.
Segundo a magistrada, os dados começaram ter maior proporção quando o Centro foi criado. O Projeto teve início em 1996, integrando os órgãos policiais, a rede de atendimento social e o Juizado, e funcionava em precárias instalações cedidas no prédio da antiga Febem. Naquele ano, foram registrados 1.919 casos. Nos anos seguintes, verificou-se um crescimento anual gradativo. Em 2004, quando o atendimento começou a ser feito na nova estrutura, o aumento chegou a 74% (confira dados abaixo).
?Passamos a ter um corpo técnico para atender os jovens infratores e o aumento da demanda muito se deve a isso?, destacou a Juíza Vera Deboni.
A magistrada, que atende na JIN desde 2000, destaca ainda o elevado número de adolescentes encaminhados por terem cometido atos infracionais nas escolas. Enfatiza que o papel do Judiciário não é o de educador. ?Ele aparece quando a família, escola, a sociedade falharam.
A intervenção judicial deve ser a última instância, sob pena de começarmos a achar que o Judiciário é a panacéia e a solução para tudo, quando sabemos que, de fato, não é?, conclui.
(Maria Helena Gozzer Benjamin)
Atendimentos na Justiça
Ano |
Nº
de atendimentos |
1996 |
1919 |
1997 |
2760 |
1998 |
2691 |
1999 |
3107 |
2000 |
3235 |
2001 |
3789 |
2002 |
4240 |
2003 |
4529 |
2004 |
6094 |
2005 |
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2 ComentáriosConheça os produtos da Jurid |
joão batista da silva abreu advogado10/03/2006 7:19
Isto indica de certa maneira a falência da Família. As mulheres, algumas, estão preocupadas com discriminações em relação aos homens, e esquecem-se que a educação´dos filhos é sobretudo da mulher, que hoje são entregues a babás ou creches, pois elas enchem os bares para pate papo e chopinho, e as crianças que SIFU. Mas isto é cultura imposta por alienígenas, que desejam a destruição da família brasileira, que assim fica mais fácil destruir a unidade Nacional. Também a falta de bons exemplos das autoridades dificultam uma boa formação do adolescente que só pensa em "se dar bem" como os políticos. É preciso URGENTE uma reforma moral do povo, onde a honra e a dignidade sejam recompensadas, não a IMPUNIDADE. Sem isso, é chover no molhado. E em breve vamos apanhar dos menores, quando eles não forem atendidos em seus desejos. Olhem que uma Deputada propôs punição para os pais que baterem nos filhos. ISTO É O CAOS TOTAL. ONDE VAMOS PARAR?
Luzia Gebrim Ex educadora, Bancária aposentada e advogada10/03/2006 22:13
Hoje o educador vê limitada a sua função. Os pais, em razão da luta pelo poder aquisitivo, pouca assistência de qualidade tem dado aos filhos (quantidade não é tão importante assim) As crianças de hoje quase não têm limites. A família transfere à escola, ao Conselho Tutelar, ao psicólogo e ao MP a responsabilidade de resolver problemas inerentes a eles. A maioria dos pais é omissa e passa a temer os próprios filhos. E quando a escola resolve tomar atitudes disciplinares mais rígidas, sofre repressões diversas. É preciso que a Instituição Escolar crie um estatuto que delimite as medidas e faço os pais conhecedores do mesmo no ato da matrícula. Dar para o pai ler é perda de tempo. Faz se necessário uma reunião esclarecedora com eles antes de ser efetivada a matrícula.