Lula suspende negociações da reforma por causa de declarações de Severino
Irritado com as declarações do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que na véspera, em Curitiba, deu um ultimato cobrando a nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) para o Ministério das Comunicações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu suspender todas as negociações sobre a reforma ministerial. E confirmou apenas duas mudanças: o deputado Paulo Bernardo (PT-PR) vai substituir o ministro interino do Planejamento, Nelson Machado, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) entra no lugar de Amir Lando (PMDB-RO) no Ministério da Previdência.
Em resposta a Severino, o Palácio do Planalto divulgou uma nota oficial, assinada pelo porta-voz da Presidência, André Singer, em que além de confirmar as nomeações de Bernardo e Jucá, diz que de acordo com a Constituição, é competência privativa do presidente da República a nomeação de ministros de Estado.
Severino Cavalcanti soube da decisão de Lula após sair de uma reunião sobre reforma tributária com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O presidente da Câmara, que ameaçou levar o PP para a oposição caso Lula não nomeasse Ciro Nogueira, disse não ter ficado frustrado.
- Quem tem a caneta é ele. Não sou eu. Não há frustração - afirmou.
No início da manhã desta terça-feira, Lula esteve reunido durante duas horas com líderes do PMDB, no Palácio do Planalto. Na saída, os peemedebistas já confirmavam a irritação do presidente com as declarações de Severino e sua decisão de interromper as conversas em torno da reforma:
- A reforma está suspensa por tempo indeterminado - afirmou o senador José Sarney (PMDB-AP).
Também participaram do encontro o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o ministro da Previdência, Amir Lando, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Logo depois, Lula se reuniu com o deputado Paulo Bernardo, que teve sua nomeação confirmada. Ele disse que o presidente lhe pediu para trabalhar em maior sintonia com a Casa Civil no acompanhamento dos projetos prioritários do governo e que discuta a proposta de Orçamento ao longo do ano, não deixando para dezembro, quando ela é geralmente encaminhada ao Congresso. Paulo Bernardo disse que o presidente está preocupado em não deixar o Orçamento e outras propostas importantes para última hora. Segundo ele, ao falar dos projetos prioritários do governo, Lula citou a necessidade de investir em projetos na área de transportes.
O petista disse que não considera um sacrifício ter que comandar um ministério que é responsável por negar, muitas vezes, a liberação de verbas por falta de recursos no orçamento.
- É um ministério importantíssimo e claro que não é sacrifício nenhum - afirmou.
Flávio estudante23/03/2005 12:45
Estamos passando por uma crise existencial na política brasileira. O presidente da Câmara dos deputados, que em algum momento pode sentar-se na cadeira da Presidência da República, vive no mundo das fantasias, achando que é o Rei do Baião lá de Pernambuco. Isto é uma infelicidade, pois os pernambucanos são, em regra, pessoas sensatas, diferentemente desse vetusto senhor.
julierme de Fontes Estudante de Direito23/03/2005 20:44
Acho que foi uma loucura deixar o Severino chegar na presidencia camara federal, ele fala muito, e so faz besteira. Por que deixaram esse "boiadeiro" chegar ate ai!