Justiça decreta prisão temporária de cinco suspeitos de assassinatos na Chatuba (RJ)

Ficarão presos por 30 dias os suspeitos da Chacina de Mesquita, que vitimou seis rapazes no Parque de Gericinó

Fonte: UOL Notícias

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O juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu (RJ), decretou nesta quinta-feira (13) a prisão temporária, pelo prazo de 30 dias, de cinco suspeitos de envolvimento na morte de seis rapazes no Parque de Gericinó, na divisa de Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Foram expedidos mandados de prisão contra Remilton Moura da Silva Junior, o “Juninho Cagão”; Marcus Vinicius Madureira da Silva, o “Ratinho”; Jonas Santos Pereira, o “Jonas Pintado” ou “Velho”; Fernando Domingos Pereira Simão, o “Sheik” ou “Fernandinho” e  Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, o “Beto Gordo”.


Os cinco, que participariam do tráfico de drogas no bairro da Chatuba, em Mesquita, são agora investigados pela prática de homicídio duplamente qualificado --por motivo torpe e mediante tortura ou outro meio insidioso ou cruel.


Na tarde do último sábado (8), eles teriam sequestrado os jovens Josias Searles, Glauber Siqueira Eugênio, Douglas Ribeiro da Silva, Patrick Machado de Carvalho, Christian de França Vieira e Victor Hugo da Costa, na localidade conhecida como “Bicão”. Os corpos das vítimas foram encontrados apenas na manhã de segunda-feira (10) às margens da rodovia Presidente Dutra, sentido Rio de Janeiro, no Bairro São José, em Nova Iguaçu.


A prisão foi pedida pela polícia e pelo Ministério Público, em razão dos fortes indícios da participação dos suspeitos no crime e por ser imprescindível para a conclusão das investigações. Na decisão, o juiz diz que “o crime chocou a sociedade brasileira, dada a barbárie com que atuaram os executores contra jovens inocentes, não só ceifando-lhes a vida, como também massacrando seus corpos como se fossem farrapos, como se tecidos fossem, e não humanos”.


“Ofenderam suas famílias, seus amigos e porque não dizer todos os escrúpulos de consciência, não sendo demais comparar os métodos covardes empregados nestes homicídios, que geraram intensa agonia e martírio, com aqueles praticados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, uma violação aos direitos humanos sem precedentes”, escreveu o magistrado.


Mais corpos encontrados


Após dois dias de buscas, policiais civis localizaram na tarde de hoje o cadáver de José Aldeci da Silva Júnior, 19, morto pelo mesmo grupo de traficantes que torturou e assassinou os seis jovens próximo à favela da Chatuba. A área pertence ao Exército brasileiro.


Na mesma localidade, os agentes encontraram outro corpo, ainda não identificado. Em menos de uma semana, a polícia encontrou dez cadáveres no Parque Gericinó, o que indica que o local era uma espécie de cemitério do tráfico.


Júnior estava desaparecido desde o último sábado, mesmo dia no qual os seis jovens saíram de casa para tomar banho em uma cachoeira perto da comunidade. O corpo dele foi encontrado parcialmente enterrado em uma trilha do parque.


O reconhecimento foi possível por conta de uma tatuagem e pelas roupas encontradas junto aos restos mortais.


Os traficantes da Chatuba também são acusados pelas mortes de um cadete da PM e de um pastor evangélico. Segundo a investigação da 53ª DP (Mesquita), José Aldeci seria uma possível testemunha do assassinato do religioso. Em apenas três dias, ocorreram 12 mortes na mesma região.


Mais cedo, dois menores que pertenciam à cúpula do tráfico de drogas na Chatuba foram apreendidos pela Polícia Militar. Um é conhecido como "Foca", 16, e o outro é popularmente chamado de "Bola", 15. De acordo com a polícia, eles seriam subordinados ao chefe do tráfico local, Remílton Moura da Silva Júnior, o "Juninho Cagão", apontado como o mandante da chacina. A quadrilha é ligada à facção Comando Vermelho (CV).


Foca, que seria o gerente do tráfico na comunidade, foi localizado na casa da família. Segundo a PM, ele teria feito a mãe refém antes de se entregar à polícia. A apreensão do menor foi facilitada pela ausência de armas na casa da mãe, onde foi encontrado. Segundo o comandante do 20º BPM, ela contou aos policiais que proibia a presença de arma.


"Ela disse que não deixava entrar arma nenhuma dentro de casa. Ele só poderia ficar lá se obedecesse à ordem da mãe", disse o tenente-coronel.


Ainda segundo o comandante, Foca confirmou ser gerente do tráfico da Chatuba, mas negou envolvimento nas últimas mortes na comunidade.


O jovem teria afirmado ainda aos policiais que os líderes do tráfico da Chatuba saíram da favela com medo da reação das forças de segurança pública. Foca foi levado à delegacia de Mesquita (53ª DP). Ele já tinha passagem por tráfico, porte ilegal de armas e roubo.


Ocupação


Desde que a PM invadiu a Chatuba, na terça-feira (11), e instalou uma companhia destacada para patrulhar a comunidade 24h por dia --a medida foi tomada em caráter emergencial após 12 mortes em apenas três dias--, 25 pessoas já foram presas ou apreendidas, sendo a maioria por porte de drogas.


Entre os detidos, "Bola" é o terceiro suspeito acusado de ter ligação direta com a chacina. Na quarta-feira (12), a Polícia Civil apresentou Daniel Dias Cerqueira dos Santos, 22, ex-militar do Exército. Ele foi reconhecido pelo pai de uma das vítimas.


De acordo com a investigação, Santos teria ordenado disparos contra parentes durante a busca aos jovens assassinados no Parque Natural de Gericinó, local no qual os corpos foram encontrados.


Segundo o delegado responsável pelo caso, Júlio da Silva Filho, o suspeito seria um observador dos traficantes e atuaria com rádio para comunicar a aproximação de pessoas estranhas na área dominada pelo tráfico. "Ele foi localizado em uma laje fazendo a contenção para os traficantes, alertando aos comparsas sobre a aproximação da polícia. Além disso, as vestimentas encontradas no local foram reconhecidas pelos familiares, evidenciando que o palco da ocorrência foi a Chatuba", disse.

Palavras-chave: Prisão preventiva; Homicídio; Chacina da mesquita; Tráfico de drogas

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