Juiz é preso por suspeita de beneficiar facção

Magistrado recebia propina para conceder decisões favoráveis para organização criminosa

Fonte: Estado de S. Paulo

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O juiz da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, Amaury de Lima e Souza, é o alvo principal da Operação Athos, da Polícia Federal (PF), deflagrada na última terça-feira para desarticular uma das maiores quadrilhas de traficantes de drogas do país e lavagem de dinheiro. Segundo apontam as investigações, o magistrado recebia propina para beneficiar os bandidos com decisões judiciais favoráveis. Membros de uma oragnização criminosa de São Paulo estão entre os investigados.


Na madrugada desta quinta-feira, o juiz foi preso em flagrante pela PF, em Juiz de Fora, por porte ilegal de armamento. Ele foi conduzido para a Superintendência da PF em Belo Horizonte. Em seu sítio foi encontrado um arsenal de armas de uso restrito e explosivos. Apesar de não ter decidido a favor da prisão pela suspeita de envolvimento com o tráfico, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) afastou Amaury de Lima e Souza do cargo por tempo indeterminado e abriu uma investigação interna. Os mandados de busca e apreensão nos imóveis foram deferidos.


A Justiça bloqueou R$ 70 milhões em bens da quadrilha. A lista inclui cinco aeronaves, quatro lanchas de luxo, jet-sky, carros de luxo e um apartamento em Ipanema, de propriedade de um traficante, avaliado em R$ 7,5 milhões. De acordo com a PF, o empresário Aurélio David Salgado, de Juiz de Fora, é o financiador da quadrilha que tinha ramificações em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Os carregamentos vinham da Bolívia e do Paraguai. Aurélio é irmão do investidor Adalberto Salgado Junior, que ficou nacionalmente conhecido por suas relações com o banco PanAmericano.


Na terça-feira, dia da Operação Athos, o grupo especial de 25 desembargadores do TJMG se reuniu em uma sessão pública para apreciar o pedido de prisão e de mandado de busca e apreensão contra o juiz. Investigadores que atuaram na ação criticaram o posicionamento público do tribunal. Para eles, o sistema propiciou o vazamento de informações, tanto que Amaury de Lima chegou a preparar um café da manhã para receber os policiais.


O defensor Ricardo Fortuna, que acompanhou o empresário Aurélio Salgado até a delegacia no dia da operação, informou que teve acesso a cópia do inquérito, mas que não iria se manifestar por se tratar de documentação sigilosa.

Palavras-chave: direito penal facção criminosa propina

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