FGV no Senado: R$ 2,8 bilhões para analisar

Assim que a Fundação Getúlio Vargas (FGV), contratada pelo Senado Federal para analisar as contas da Casa, chegar ao Congresso vai ter muito trabalho pela frente. Isso porque para propor a reestruturação administrativa terá que se debruçar em uma conta de R$ 2,8 bilhões apenas no ano passado. O cenário não é muito animador, já que os gastos são crescentes na Casa.

Fonte: Contas Abertas

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Assim que a Fundação Getúlio Vargas (FGV), contratada pelo Senado Federal para analisar as contas da Casa, chegar ao Congresso vai ter muito trabalho pela frente. Isso porque para propor a reestruturação administrativa terá que se debruçar em uma conta de R$ 2,8 bilhões apenas no ano passado. O cenário não é muito animador, já que os gastos são crescentes na Casa. A folha de pagamentos, por exemplo, foi de R$ 2,3 bilhões no ano passado, valor 10% maior que o custo em 2007, quando as despesas com pessoal somaram R$ 2,1 bilhões. Apenas os 181 diretores do Senado recebem, em média, R$ 20 mil a cada mês. Completam a folha de pagamento 1,8 mil funcionários terceirizados, 3,5 mil servidores efetivos e 3 mil servidores de confiança.

Mas a economia das despesas pretendida ao final da auditoria pode desgostar os senadores, já que na hora de comemorar o Senado não poupa esforços para realizar uma cerimônia digna de qualquer realeza. Prova disto é que do ano passado para cá, a Casa depositou pelo menos R$ 230 mil na conta dos buffets mais caros de Brasília (veja tabela). A empresa Sweet Organização de Festas, por exemplo, parceira de longa data da Casa, recebeu desde o ano passado R$ 111,8 mil para a organização de festividades e homenagens. Na promoção de comemorações, o Senado pagou R$ 369,8 mil somente em 2008. Já na rubrica exposições, congressos e conferências foram mais R$ 466,8 mil. Em premiações culturais mais R$ 13,7 mil.

O Senado também demonstra o gosto pelo mundo artístico. Para exibir obras de arte e peças para exposição, a Casa pagou R$ 14,9 mil no ano passado. Em coleções e materiais bibliográficos foram mais R$ 25 mil em 2008. Bem informados os senadores também são. Com a assinatura de periódicos e anuidades, a Casa pagou, em 2008, R$ 1,5 milhão (veja tabela).

Outra despesa que chama atenção é o gasto com o serviço de cópias, que no ano passado foi de quase R$ 3,8 milhões. A cifra é 10% maior que o auxílio-creche pago aos servidores com filhos, que no mesmo período, chegou a R$ 3,4 milhões. Já com a conta de telefone, o Senado pagou R$ 11,1 milhões apenas em 2008. Apesar do alto valor com telefonia, o Senado Federal é apenas o sexto colocado em um ranking de todos os órgãos da Esplanada dos Ministérios (veja tabela). Mas ainda assim passa a frente da Câmara dos Deputados que pagou R$ 10,9 milhões em serviço sde telefonia no mesmo período.

A Fundação Getúlio Vargas também deve analisar a frota de carros do Senado composta por 165 veículos, sendo 88 usados pelos senadores. Os carros dos senadores foram comprados em 2003. Já o restante dos veículos, que pertencem à estrutura administrativa, foram comprados entre 2005 e 2008. Nos últimos dois anos, quase R$ 2,3 milhões em combustíveis abasteceram os tanques destes veículos. Mas a numerosa frota de veículos não foi empecilho para que a Casa contratasse serviços de frete e encomendas por R$ 20,3 mil no ano passado.

As viagens também são responsáveis por boa parte das despesas do Senado. Entre 2007 e 2008 a Casa pagou R$ 49,4 milhões para arcar com os custos de passagens e despesas com locomoção. Apenas com passagens para viagens internacionais foram R$ 3,9 milhões nos últimos dois anos.

O Senado faz das despesas médicas dos senadores uma verdadeira caixa-preta. O motivo alegado é sigilo pessoal. Contudo, dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) apontam que em serviços médico-hospitalares, odontológicos e laboratoriais, o Senado pagou quase R$ 60 millhões somente no ano passado, despesa que engordou o cofre de hospitais privados e muitas clínicas famosas do país.

Reestrutução do Senado

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) assinou na tarde desta quarta-feira (18) convênio com a Fundação Getúlio Vargas para reesstruturar administrativamente a Casa. Sarney disse que a FGV tem carta branca para agir e sugerir mudanças. Entre as mudanças que devem ocorrer está a queda de 50% no número de diretores. Hoje, há um diretor na Coordenação Administrativa de Residências, outro na Coordenação de Apoio Aeroportuário, um para atuar na diretoria de visitação e ainda uma outro apenas para cuidar das comunicações por rádio em ondas curtas e assim, sucessivamente, até chegar ao número de 181.

Segundo Sarney, eles continuarão respondendo pelas respectivas funções até que seja realuzada uma avaliação caso a caso da necessidade de cada diretoria. ?Vamos reduzir em muito o número de diretorias da Casa e em cerca de 50% o número de diretores?, antecipou Sarney. O protocolo assinado entre FGV e Senado anuncia auditoria administrativa, planejamento e avaliação de recursos humanos, avaliação e monitoramento de processos e resultados e economia em diversos serviços. A auditoria deve durar seis meses.

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