Falsa freira e os outros dois criminosos foram presos em flagrante após denúncia de funcionários da Caixa Econômica Federal. (Religiosa entrou com processo em 1999 para obter pensão, diz PF Polícia busca quarta suspeita de integrar quadrilha de estelionatários.

Após a Polícia Federal impedir uma falsa freira e sua quadrilha de sacar anteontem (26), um título de dívida pública de R$ 1,859 milhão, em uma agência bancária da CEF, em Niterói (RJ), a verdadeira religiosa descobriu ontem (27) que estava milionária. Segundo o delegado da PF, Marcos Aurélio Costa de Lima, o dinheiro é referente a uma ação contra a União, já com trânsito em julgado.

A verdadeira freira mora em um convento de Campina Grande (PB) e entrou com ação para requerer pensão previdenciária, em 1999, e não sabia que havia ganhado a ação.

A falsa freira e os outros dois criminosos foram presos em flagrante na agência da Caixa Econômica Federal, na Rua Miguel de Frias, em Icaraí, onde tentavam sacar o precatório. A Polícia Federal divulgou imagens gravadas pelo circuito interno de segurança da agência.

"A verdadeira freira ficou surpresa quando ligamos a ela, pois nem sabia que já tinha ganho a ação", disse o delegado Costa de Lima, afirmando que a falsa religiosa e a quadrilha tinham informações privilegiadas. "A decisão do pagamento tinha saído no Diário Oficial, mas por essa simples publicação eles não tinham como saber que a beneficiária é uma freira", explicou.

O delegado afirma que apesar da informação privilegiada, a linha de investigação da Polícia Federal não aponta para o envolvimento de funcionários da Caixa Econômica. "Já sabemos que a falsa freira ia receber R$ 2 mil para desempenhar seu papel na farsa de estelionato, mas não sabemos como o título de dívida pública seria dividido".

Ainda de acordo com o delegado, uma quarta integrante da quadrilha, advogada, identificada apenas como Wilma, está sendo procurada pela PF. Essa advogada também aparece nas primeiras imagens - mas logo desapareceu.

A falsa freira e dois homens que a acompanhavam foram presos foram e indiciados por estelionato, formação de quadrilha e uso de documento falso.

As imagens gravadas pelas câmeras de segurança da CEF mostram o momento em que a falsa freira, de bengala, com roupa bege e véu azul, acompanhada de um homem, entra na agência bancária, se dirige a um caixa e tenta sacar o dinheiro.

Desconfiado, o caixa começou a protelar o pagamento, acionou a segurança interna da agência que, a seu turno, chamou agentes da Polícia Federal, que chegaram sem demora e comprovaram que o documento apresentado pela mulher era falso.

De acordo com o delegado, esta foi a quarta tentativa de saque do valor do precatório. No entanto, a polícia ainda investiga se elas foram feitas pelos mesmos suspeitos.

O terceiro suspeito, que seria responsável pela obtenção dos documentos que permitiriam o saque, foi detido quando tentava fugir em um táxi.