BRASÍLIA - O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, detectou tentativas de movimentação suspeita de dinheiro em contas bancárias no Brasil de envolvidos nas investigações da Máfia do Sangue, que pode ter desviado R$ 2 bilhões do Ministério da Saúde desde 1990. Pelo menos uma dessas tentativas ocorreu depois de a Operação Vampiro, da Polícia Federal, ter revelado o esquema de fraude nas licitações.

Ao participar da assinatura de um convênio com a Fundação Getúlio Vargas que prevê a capacitação de profissionais para o combate à corrupção, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o DRCI está trabalhando para identificar o caminho percorrido pelo dinheiro desviado nas operações de compra de derivados do sangue e determinou que a Secretaria de Direito Econômico (SDE) investigue a suspeita de cartelização da corrupção e do papel exercido por empresas que fraudaram as concorrências e distorceram preços de medicamentos. Segundo ele, está sendo realizado um trabalho integrado com a Polícia Federal que tem por objetivo reprimir a corrupção, identificar responsáveis e recuperar o dinheiro.

- Nesse caso, achamos que seria de bom alvitre uma investigação com esse olhar específico porque se trata de fraude de concorrência, há cartelização, há danos à concorrência - afirmou.

O ministro disse ainda que a Polícia Federal recolheu provas importantes, como gravações e até filmagens, da quadrilha agindo no esquema de fraudes. Hoje à tarde, o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, dará uma coletiva de imprensa para falar do trabalho da SDE na investigação.

Indagado sobre a revelação de focos de corrupção no governo do PT, o ministro respondeu:

- A corrupção é inerente à natureza humana, o que estamos fazendo é criar mecanismos de combate a isso. Mas doa a quem doar, o presidente Lula me disse isso, as investigações vão ser feitas - afirmou.