Em Brasília, bares e restaurantes já admitem demissões por causa do rigor da Lei Seca

Os bares e restaurantes da capital federal registram, conforme o sindicato, redução média de 30% no movimento das últimas semanas.

Fonte: Agência Brasil

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O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) já considera o corte de postos de trabalho inevitável caso não haja uma flexibilização da Lei 11.705, conhecida como Lei Seca, por estabelecer punições rigorosas aos motoristas que dirigem alcoolizados e proibir a venda de bebidas alcoólicas à beira das rodovias federais.

?Recomendamos aos filiados que agüentem a mão mais um pouquinho. Mas os bares de happy hour são os que mais sofrem, com casas perdendo até 50% de faturamento. Isso é preocupante, porque o garçom fica esperando o cliente que não aparece e aí tem que demitir. E já tem estabelecimento demitindo?, afirmou à Agência Brasil o diretor de Desenvolvimento Institucional do Sindhobar, Jael da Silva.

Os bares e restaurantes da capital federal registram, conforme o sindicato, redução média de 30% no movimento das últimas semanas.

Os donos de bares decidiram, em assembléia, não adotar uma posição institucional na busca de alternativas para o transporte de clientes de modo a evitar que dirijam depois de consumirem bebida alcoólica. Mas há estabelecimentos que já oferecem isoladamente a opção de que um motorista dirija o carro do cliente para a casa na saída, acompanhado de uma moto para o trajeto de volta. O preço cobrado, segundo Jael da Silva, é proporcional ao que custaria a corrida de táxi.

Uma tentativa de convênio entre comerciantes e taxistas não prosperou.

?Tentamos fazer uma negociação com o sindicato dos taxistas para ver se eles poderiam fazer uma espécie de serviço de lotação ou tarifa diferenciada, mas ficaram um pouco reticentes porque talvez vislumbraram a possibilidade de ganhar mais?, comentou Silva.

Pela nova legislação, o motorista que no teste do bafômetro apresentar dois decigramas de álcool por litro de sangue recebe multa de R$ 955, tem o veículo apreendido e a carteira recolhida por um ano.

A Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento (Abrasel Nacional) já entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pede a declaração de inconstitucionalidade de artigos da Lei Seca.

?Não somos favoráveis a que as pessoas dirijam embriagadas, mas a forma que a lei veio é muito radical e violenta, mudando o costume secular do povo brasileiro de tomar sua cervejinha e confraternizar com os amigos?, argumentou Silva.

No caso específico de Brasília, o diretor sindical avalia que os efeitos negativos para os estabelecimentos são potencializados pela ineficiência do transporte coletivo.

?O metrô não consegue atender a população já na parte da manhã e não funciona depois das 23h30. Na Asa Sul só tem três paradas, e as pessoas têm que se deslocar muito. Falar em ônibus aqui é brincadeira. Os nossos garçons têm grande problema em voltarem para casa depois das 2h da manhã. Ou fazem uma vaquinha [divisão de custos] para que um que tem carro deixar todo mundo ou esperam até 5h da manhã para poderem ir de ônibus?, criticou Jael da Silva.

Palavras-chave: lei seca

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4 Comentários

Ricardo Func. Público (Bacharel e operador do Direito)08/07/2008 12:53 Responder

A redução em 30% no movimento dos bares se reflete nos acidentes automobilísticos que também tiveram redução de 30%, ou seja, qualquer pessoa de inteligência baixa entende que a lei veio para melhorar a qualidade do trânsito e já esta conseguindo. Com relação as demissões, o mercado absorve todos os bons profissionais! Nesse caso a associação os bares e restaurantes do D.F. estão dizendo que seus colaboradores/empregados, não tem qualificação para voltar ao mercado de trabalho! Os bons profissionais serão absorvidos pelo mercado naturalmente, com ajuda é claro da associação dos bares e restaurantes de Brasília! O que não pode é deixar os alcoólatras assassinos automobilísticos tentar mudar a lei! "Associação dos bares e restaurantes do D.F. pare de reclamara e faça algo para com seus associados, exemplo: ministrem cursos de reciclagem para os demitidos em outras áreas comerciais ou profissionais, dêem apoio as familias dos demitidos com cestas básicas até o trabalhador conseguir outra vaga de emprego, tentem acordos com os donos dos bares e restaurantes deste local para tentativa amigável de solução para este problema, mas não venha com história de que a pessoa precisa do alcoól para celebrar momentos especiais com amigos!" "Tomar sua cervejinha após o horário de expediente gera morte nas ruas e estradas!" DIGA NÃO AS DROGAS... E SIM AO BAFÔMETRO, MULTA E CADEIA!

Flávia Professora09/07/2008 0:41 Responder

Ricardo, a luta não é para que os bebados saiam dirigindo seus carros, mas que volte a antiga lei, só que com fiscalização, como está sendo feita com esta. Assim, os acidentes de transito continuarão a diminuir, sem ser as custas de demissões.

Marcel Advogado05/08/2008 17:59 Responder

Isso radicalismo resolve tudo mesmo, o engraçado é que as estatísticas não conseguem cruzar os dados de quanto a corrupção aumentou, ou aumentará por razão da Lei mais dura, de quanto a criminalidade (que também mata bastante) aumentará com a diminuição de empregos, quantas famílias ficarão sem comida em casa ou com qualidade de vida piorada... Ah sim, verdade mesmo que a Lei vem dando resultados muito bons (o que com certeza é uma vitória), entretanto, porque não se tentou fiscalizar assim com a lei anterior??? Estados policialescos dão resultado sempre, mas a qual custo em um contexto maior??? De qualquer forma, confesso que ainda não tenho uma opinião completamente formada a respeito da nova Lei, pois por outro lado parece que está o bem jurídico mais importante, qual seja a Vida, e sob este aspecto todo o resto parece relativizado, até mesmo a Liberdade... Contudo, sendo crítico, é absurdo dizer que a associação de bares e restaurantes tem que dar cursos profissionalizantes em outra área, como que é isso??? Agora além de representar determinada classe, existe obrigação de ficar dando cursos de costureira, por exemplo??? Vamos, pedir a OAB pra fazer isso também, ou ao CRM, ou ao sindicato da polícia... Não obstante, no geral, pelo menos aqui no Paraná, boa parte de quem é garçom, tem o emprego como segundo plano, quando não terceiro ou quarto, para conseguir sustentar a família, já que geralmente quem trabalha como garçom não teve grandes chances (pelo configuração social-econômica) de quem é "operador do Direito"...

Marcel Advogado05/08/2008 18:00 Responder

Isso radicalismo resolve tudo mesmo, o engraçado é que as estatísticas não conseguem cruzar os dados de quanto a corrupção aumentou, ou aumentará por razão da Lei mais dura, de quanto a criminalidade (que também mata bastante) aumentará com a diminuição de empregos, quantas famílias ficarão sem comida em casa ou com qualidade de vida piorada... Ah sim, verdade mesmo que a Lei vem dando resultados muito bons (o que com certeza é uma vitória), entretanto, porque não se tentou fiscalizar assim com a lei anterior??? Estados policialescos dão resultado sempre, mas a qual custo em um contexto maior??? De qualquer forma, confesso que ainda não tenho uma opinião completamente formada a respeito da nova Lei, pois por outro lado parece que está o bem jurídico mais importante, qual seja a Vida, e sob este aspecto todo o resto parece relativizado, até mesmo a Liberdade... Contudo, sendo crítico, é absurdo dizer que a associação de bares e restaurantes tem que dar cursos profissionalizantes em outra área, como que é isso??? Agora além de representar determinada classe, existe obrigação de ficar dando cursos de costureira, por exemplo??? Vamos, pedir a OAB pra fazer isso também, ou ao CRM, ou ao sindicato da polícia... Não obstante, no geral, pelo menos aqui no Paraná, boa parte de quem é garçom, tem o emprego como segundo plano, quando não terceiro ou quarto, para conseguir sustentar a família, já que geralmente quem trabalha como garçom não teve grandes chances (pelo configuração social-econômica) de quem é "operador do Direito"...

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