DP-SP contradiz versão policial sobre uso de bala de borracha na Cracolândia

Segundo Defensoria, no confronto de quinta-feira homem foi atingido com tiro nas costelas; vítima está internada no PS da Barra Funda

Fonte: Último Segundo

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A DP-SP (Defensoria Pública de São Paulo) afirma que a versão oficial da Polícia Civil e da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo) sobre a ausência do uso de armas com bala de borracha em ação realizada por agentes do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Uso de Narcóticos) na quinta-feira (23) na Cracolândia, está equivocada. Após apuração realizada nesta sexta-feira (24), o núcleo de Direitos Humanos da DP-SP constatou que um homem está internado no Pronto-Socorro da Barra Funda por conta de um ferimento causado por um disparo com bala de borracha.


Durante o confronto entre policiais e moradores do local, a vítima, Alexandre de Oliveira da Silva, foi atingida por um tiro na região das costelas. Segundo a DP-SP, agentes da prefeitura que atuavam no programa municipal de atendimento aos dependentes químicos da cracolândia afirmaram que, após ser ferido, Alexandre foi atendido pelos próprios trabalhadores do município e, posteriormente, conduzido para o PS da Barra Funda.


De acordo com o diagnóstico oficial, Alexandre foi atingido por um disparo de arma de fogo. Para o Defensor Público Carlos Weis, o parecer médico não deixa qualquer dúvida que os agentes do Denarc utilizaram balas de borracha em sua ação.


“Pelo local do tiro, não tem como concluir outra coisa. Se a vítima tivesse tomado um tiro de arma de fogo comum naquela região (costelas) teria falecido imediatamente. Ele só está vivo pois o tiro foi de bala de borracha. E apenas a polícia usa balas de borracha”, disse Weis, coordenador do núcleo de direitos humanos da DP-SP.


A conclusão da Defensoria contradiz o próprio secretário de Segurança Pública paulista, Fernando Grella Vieira. De acordo com publicação de O Estado de S. Paulo, Grella teria garantido que o Denarc não tem acesso a balas de borracha “há mais de dois anos”. Na entrevista, o secretário classificou como “rotineira” a operação policial desta quinta (23). Mais de 30 pessoas acabaram detidas depois da ação, que também deixou outros feridos e causou desconforto à prefeitura de São Paulo, que desenvolve há uma semana o programa Braços Abertos, voltado ao atendimento de usuários de crack no local.


Weis declarou que a DP-SP trabalha agora na construção de um relatório sobre os acontecimentos desta quinta-feira. Segundo o defensor público, após os depoimentos e provas colhidos nesta sexta-feira, é possível afirmar que a ação dos agentes do Denarc na região foi equivocada. “Não foram respeitados os princípios da proporcionalidade, do uso progressivo de força e da razoabilidade, parâmetros que devem basear todas as operações policiais”, disse.


O defensor Carlos Weis afirmou ainda que o núcleo de direitos humanos da DP-SP continuará com as investigações sobre o caso. Novos testemunhos devem ser ouvidos na próxima semana. Após a conclusão das apurações, a Defensoria deve cobrar explicações da SSP sobre a legalidade da intervenção do Denarc.

Palavras-chave: direitos humanos cracolândia

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