Distribuidora de Red Bull não paga ICMS antecipado
A distribuidora do energético Red Bull está isenta do recolhimento antecipado de ICMS ? Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços nas operações no estado de Rondônia. A decisão é do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Edson Vidigal, e vale até que o mérito da questão seja julgado pela 1ª Turma do tribunal.
Vidigal concedeu liminar à Energy Distribuidora e suspendeu provisoriamente decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia. A informação é do site do STJ.
A ação foi impetrada pela empresa contra ato do coordenador da Receita de Rondônia, com o objetivo de não recolher ICMS pelo regime de substituição tributária na comercialização do produto.
De acordo com a Energy Distribuidora, não há previsão legal para enquadrar o produto no regime substitutivo, uma vez que ele está classificado como ?composto líquido pronto para consumo? na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias/Sistema Harmonizado (NBM/SH). Segundo a empresa, a legislação tributária não determina a sujeição de tais compostos ao regime de substituição tributária.
A juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de Rondônia concedeu a liminar, mas, ao analisar o mérito, indeferiu o pedido. Para ela, a edição posterior do Decreto 10.627, de 2003, regulamentou a matéria, incluindo o produto na relação dos abrangidos pelo regime de substituição tributaria.
Em apelação, o Tribunal de Justiça de Rondônia desobrigou a empresa de recolher antecipadamente o tributo, mas a decisão foi reformulada.
Em recurso ao STJ, o ministro Edson Vidigal entendeu que há os requisitos necessários à concessão da liminar. Para ele, o pedido juridicamente razoável está caracterizado no fato de que a discussão está na alegada ausência de expressa previsão em lei para o enquadramento de um produto no regime de recolhimento de ICMS por substituição tributaria.
O ministro destacou que é indispensável que o produto esteja especificado e codificado na legislação que rege o assunto para que haja a cobrança antecipada do tributo.
?Por isso, entendo que a menção genérica ?demais produtos classificados no código 2201.02.00 e posição 2.02 da NBM/SH? não atende aos dispositivos da Lei Complementar 87/96?, entendeu Vidigal. ?Nem mesmo a edição do Decreto 10.627/03 subtrai a ofensa ao princípio da legalidade, considerando-se que, antes de sua edição, a cobrança do imposto se mostrava indevida, porque não especificado o produto em lei? e porque sua cobrança foi prevista em decreto.
Para o presidente do STJ, há uma pretensão razoável (fumus boni iuris) e também o perigo da demora, diante da possibilidade de a empresa vir a ser autuada ou inscrita na dívida ativa, ?circunstância que sabidamente lhe acarretará sérios prejuízos?.
Além do mais, concluiu o ministro Vidigal, a concessão da liminar não impede o fisco de receber futuramente, se vencedora a tese do estado, o que lhe for devido, ?ao passo que, para a empresa contribuinte, se vencedora, sempre será mais difícil e oneroso intentar ação de repetição de indébito para receber de volta, em precatório, o que não estava obrigada a recolher antecipadamente?.
MC 10.274