Direitos Humanos pede processo contra deputado por quebra de decoro

Deputado teria agredido verbalmente servidor e tumultuado sessão fechada que colheu depoimentos de militares sobre a Guerrilha do Araguaia

Fonte: Agência Câmara

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O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, enviou para a Corregedoria Parlamentar, nesta quarta-feira (4), pedido da Comissão de Direitos Humanos e Minorias para que seja aberto processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado J.B. (PP-RJ).


Segundo o presidente da comissão, deputado Domingos Dutra (PT-MA), J.B. tentou obstruir os trabalhos da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, que, na terça-feira (3), se reuniu pela primeira vez para ouvir, em sessão fechada, ex-integrantes do Exército que participaram da Guerrilha do Araguaia. A comissão parlamentar é ligada à Comissão de Direitos Humanos.


"Apesar de não fazer parte nem da Comissão da Verdade, nem da Comissão de Direitos Humanos, ele tentou obstruir os trabalhos e paralisar as atividades da comissão. Ele tentou intimidar os depoentes, tirando fotografias às escondidas. Essas pessoas estão traumatizadas, se sentem ameaçadas de morte e o deputado J.B. tentou evitar isso [o depoimento]. Não conseguindo, ele ficou no corredor, aos berros, fazendo ameaças a todo mundo", relatou Dutra.


O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) disse ainda que J.B. agrediu verbalmente um funcionário da Comissão de Direitos Humanos. Segundo Alencar, o deputado quis tomar papéis e documentos do servidor, que teria se negado a entregar argumentando que precisava da autorização do presidente da comissão.

 

Em seguida, afirma Alencar, J.B. teria dito: “Não, eu sou deputado e você cale a boca que a conversa ainda não chegou no chiqueiro”. O deputado do Psol condenou a atitude: “Nenhum de nós, que somos seres mortais e normais, que erramos muito, temos autorização, poder e mandato para ofender desta maneira."


Máquina fotográfica


J.B. disse, porém, que apenas pediu uma página com os nomes dos depoentes. Quando uma funcionária da comissão ia lhe entregar, o servidor teria impedido. O deputado, então, pediu a um assessor que trouxesse uma máquina fotográfica para tirar uma foto do funcionário e identificá-lo.


"Eu estava saindo e ele foi atrás de mim e tentou arrancar a máquina fotográfica da minha mão, e daí começou a confusão. Esse funcionário, apoiado por Domingos Dutra, e todos os demais que estavam lá na mesa começaram a me ofender também. Daí eu falei para ele: ‘A conversa não chegou no chiqueiro, na pocilga’. Falei para ele, qual o problema?", afirmou.


J.B. afirmou ter se indignado com o fato de a reunião ter ocorrido a portas fechadas. Para ele, a comissão é autoritária porque não abre espaço para o contraditório. Ele ainda acusou os integrantes do grupo de estarem selecionando depoentes para a Comissão da Verdade, ligada à Presidência da República, que irá investigar os crimes contra os direitos humanos ocorridos no período da ditadura.


“Comissão da Verdade secreta? Onde estamos? Vamos falar a verdade aberta à imprensa. Estão preparando aqui os depoimentos?”, questionou o deputado.

Palavras-chave: Agressão; Política; Decoro; Desrespeito; Servidor público; Tumultuo; Depoimentos; Guerrilha de Araguaia; Militares

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