Crise política perturba o mercado financeiro

Fonte: Gazeta Mercantil

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Dimensão interna é muito maior que a repercussão no exterior, diz o ministro Furlan. Caíram como uma bomba as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre um esquema em que parlamentares da base aliada ao governo na Câmara recebiam do PT uma "mesada" de R$ 30 mil em troca de apoio. Governo, partidos de oposição e governistas trocaram acusações durante todo o dia. Mas o que mais se ressentiu foi o mercado financeiro. Em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quis comentar o assunto e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, desmentiu que soubesse da "mesada".

A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou os negócios com queda de 3,21%. No câmbio, as incertezas com o cenário político fizeram com que a cotação da moeda americana fechasse a R$ 2,448, alta de 0,87%. O risco-país acompanhou a tônica do dia e subiu 3,6%, de 416 para 431 pontos básicos.

Na esteira dos acontecimentos, o presidente da Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), Roberto Garcia Salmeron, pediu demissão. Dirigentes da empresa ligados ao PTB estão envolvidos nas denúncias de corrupção.

Mas foi no campo político que as denúncias provocaram as maiores reações. As afirmações de Jefferson podem ter colocado a perder todo o esforço do PT para enterrar a CPI dos Correios. O governo se convenceu que conseguiria barrar as investigações ainda na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A estratégia foi liberar para os aliados recursos das emendas ao Orçamento e a apresentação de uma agenda positiva a ser votada no Congresso. O presidente nacional do PT, deputado José Genoino, desmentiu as denúncias e prometeu levar Roberto Jefferson à Justiça. Por sua vez, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), negou que Lula soubesse do suposto esquema de mesadas. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse ontem em São Paulo que "a dimensão dada aqui dentro às denúncias é muito maior que a atribuída lá fora pelos investidores".

Em Fortaleza, o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que pedirá à corregedoria da Casa que examine as denúncias. Do lado dos acusados, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), disse que as declarações de Jefferson visam a "confundir a opinião pública e chantagear o governo". Já parlamentares do PP rejeitaram as acusações e consideraram as denúncias como uma "atitude desesperada".

Páginas A-8 e A-9(Gazeta Mercantil/1ª Página - Pág. 1)(Karla Correia, Sérgio Pardellas e Daniel Pereira)

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