A crise financeira que vem assolando a Europa desde 2008 não afetou apenas o bolso das pessoas, mas também a saúde. A conclusão é de um estudo realizado pela Test-Achats, entidade belga de defesa do consumidor. Os resultados da pesquisa foram apresentados pelo diretor de relações institucionais e de imprensa de ONG, Ivo Mechels, na palestra “Os impactos da recessão europeia na defesa dos direitos do consumidor”, realizada na sede da associação de defesa dos direitos dos consumidores PROTESTE, nesta quarta-feira (19).

Segundo Mechels, transtornos de saúde devido a problemas financeiros aumentaram consideravelmente nos últimos anos, especialmente nos países mais afetados pela crise, como Espanha e Portugal. “17% dos lusitanos com falta de dinheiro têm dificuldade para dormir, 21% se sentem deprimidos e 25% têm ansiedade. Os números dos espanhóis não são muito diferentes: 18% da população relata ter dificuldades de concentração, 17%, sentirem dores de cabeça frequentes e 15% reclama de problemas sexuais”, explicou o especialista.

Países como Bélgica e Itália, embora também tenham assistido a uma queda na qualidade de vida de seus habitantes, sofreram menos com a recessão.

A crise de 2008 também reduziu a confiança das pessoas nas instituições. De acordo com os dados expostos por Mechels, há um ponto em comum no países pesquisados: as organizações independentes de defesa de consumidores são, de longe, as entidades consideradas mais confiáveis pelas pessoas.

Em face desses números, o especialista ressaltou a importância das entidades consumeristas na defesa dos cidadãos, feita por meio de protestos, diálogos com empresas e governos e medidas judiciais e extrajudiciais.